quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Música na Bíblia, 1

Texto Bíblico: Êxodo 15.1-18 Introdução A música, embora tão admirada, ainda tende a ser um assunto controvertido no culto, lamentavelmente. O problema não está na preferência de determinado estilo musical, mas na intolerância com os outros estilos musicais. Entre nós, batistas, a inclusão da música no culto não foi um assunto fácil. Benjamim Keach foi quem introduziu o canto nas igrejas batistas inglesas. Keach conseguiu, em 1673, que a igreja em Horsleydown cantasse um hino no fim da ceia, permitindo que os contrários se retirassem antes de ser cantado . Nesta e quaisquer outras questões, a Bíblia é quem define, até porque nos é valioso demais o princípio da autoridade da Bíblia como única regra de fé e prática. Por isso, vamos caminhar, de forma bem resumida, pelas páginas bíblicas, com a finalidade de extrair o que a Palavra diz sobre a música na prática coletiva de culto. 1. Música no Antigo Testamento Os judeus tinham músicas para diversas ocasiões. Quando o povo passou pelo mar Vermelho, entoou com Moisés o hino que lemos como texto de referência nesta lição (Êxodo 15.1-18). É um primitivo cântico religioso lindíssimo, acompanhado de instrumentos e de uma responsiva antífona, dirigida por Miriã, irmã de Moisés: “Cantai ao Senhor, porque triunfou gloriosamente; lançou no mar o cavalo e o seu cavaleiro” (v. 21). Moisés, no fim do seu ministério, podemos assim dizer, deixou um hino para Israel (Deuteronômio 32.1-43), introduzido no capítulo 31: “Então Moisés proferiu todas as palavras deste cântico, enquanto toda a assembleia de Israel o ouvia” (v. 30). Após o cântico, o verso 44 arremata: “Então Moisés veio e proferiu todas as palavras deste cântico na presença do povo, ele e Oseias, filho de Num”. Antes de morrer, Moisés deixou uma música para o seu povo! Davi é outro exemplo de líder que dava à música um lugar de destaque. Foi com música que ele levou a arca do concerto para o tabernáculo. “Davi ordenou que os chefes dos levitas escolhessem alguns músicos, dentre seus parentes, para tocarem instrumentos musicais, com lira, harpas e címbalos, e cantarem com alegria” (1Crônicas 15.16). O verso 28 volta a falar dessa ordem, agora cumprida: “Assim, todo Israel levou a arca da aliança do Senhor, com júbilo, ao som de cornetas, trombetas e címbalos, acompanhado de liras e harpas.” Em 2 Crônicas 5, encontramos a música sendo utilizada na dedicação do Templo construído por Salomão. Interessante, também, é o fato do maior livro da Bíblia – Salmos – ser um hinário . 2. Louvor e Adoração no Antigo Testamento A expressão “louvor e adoração” tem sido muito comum nas celebrações para designar o momento em que a congregação, conduzida por uma equipe de músicos, entoa cânticos avulsos. O perigo está em confundir o momento de cânticos espirituais como único momento de louvor e adoração no culto. Os cânticos são uma das expressões possíveis de louvor e adoração. Philip Yancey afirmou que “adorar a Deus hoje significa preencher aos brados todo e qualquer silêncio” e, ainda, falou sobre um autor de várias canções que se disse preocupado com a música de adoração que está pondo o foco nos músicos e não em Deus . Temos de fugir desse erro! G. Wainwright disse que “o louvor público é também testemunho diante do mundo. Deve ter Deus como seu propósito (...). Um hino cuja intenção não seja o louvor a Deus de alguma forma deveria ser considerado uma idolatria” . O verdadeiro ambiente de adoração, conforme a visão de Isaías 6.1-8, é aquele que conduz o adorador à consciência dos seus pecados e à necessidade de se buscar a santidade de Deus, que sempre nos impulsiona ao cumprimento da missão e ao serviço. As referências de culto no Gênesis falam de Abraão, Isaque e Jacó (12.9, 13.4, 26.25 e 33.20). Eram pequenas cerimônias litúrgicas. Nos mandamentos, conforme Êxodo 20.1-6, Deus orienta Moisés e o povo judeu sobre como deveria ser a adoração. A ordem de abandonar outros deuses foi clara. São vários os textos no Antigo Testamento que mostram a correção divina face à adoração corrompida e idólatra. Isso nos ajuda a entender que, para Deus, não importa o estilo de música no culto e, sim, a vida dos adoradores. O que Deus pede para que o culto seja aceito é santidade: “Eu detesto e desprezo as vossas festas; não me agrado das vossas assembleias solenes. Ainda que me ofereçais sacrifícios com as vossas ofertas de cereais, não me agradarei deles; nem olharei para as ofertas pacíficas de vossos animais de engorda. Afastai de mim o som dos vossos cânticos, porque não ouvirei as melodias das vossas liras. Corra porém a justiça como águas, como o ribeiro perene” (Amós 5.21-24). Há outros textos que reforçam a mesma ideia, como 2Crônicas 26.26-20 e Isaías 1.11-17. 3. Louvor e Adoração nos Salmos Embora o Antigo Testamento tenha sido comentado no tópico anterior, daremos um destaque aos Salmos, por se tratar do hinário do povo judeu. Os salmos evidenciam expressões de louvor e adoração de todos os povos (22.27; 66.4; 89.9; 96.6). É um tema bem abordado na coletânea. Davi, embora seja o autor da maioria dos salmos, não foi o único. Os filhos de Coré, Asafe, Moisés e até Salomão também compuseram salmos. O livro é dividido em cinco partes, tornando-o semelhante às leis judaicas – Torá – que também estão contidas em cinco livros. Os quatro primeiros livros terminam com a expressão “bendito seja o nome do Senhor”. O último, com “todo ser que respeira louve o Senhor”. DIVISÃO DOS SALMOS Livro I 1 a 41 Livro II 42 a 72 Livro III 73 a 89 Livro IV 90 a 106 Livro V 107 a 150 Apresentaremos a classificação dos salmos elaborada pelo estudioso Hans-Joachim Kraus : Salmos de louvor. São aqueles que começam com uma expressão hebraica que foi traduzida por “canção de louvor”. Estão arrolados nesta categoria, por exemplo, todos os salmos que contêm a expressão “Louvai ao Senhor” ou “Aleluia” (Exemplo: Salmo 146). Cantos de oração. Aqui estão elencados os salmos para oração individual, nos quais o pronome pessoal “eu” é usado. “Salve-me, ó Deus”, por exemplo (Salmo 54). Salmos de ação de graças. “Rendei graças ao Senhor, invocai o seu nome; anunciai seus feitos entre os povos” (Salmo 105.1). Salmos “reais”. São aqueles que falam acerca de reis. Contêm elementos também encontrados na literatura do Oriente Próximo, como oráculo e prosperidade para o rei (Exemplo: Salmo 72.15). Cantos de Sião. Como diz o nome, são os que citam essa cidadela, conforme o Salmo 125.1. Salmos didáticos. Apresentam expressões hebraicas equivalentes à sabedoria e entendimento. São ainda colocados nessa mesma classificação aqueles que trazem sabedoria proverbial (Exemplos: Salmos 90, 127 e 133). Salmos que falam de adoração. Kraus afirma que é necessário ter cautela, pois não é tarefa fácil dizer com exatidão onde são encontrados os cultos no Antigo Testamento. Aponta três salmos: 50, 81 e 95. Para pensar e agir Deus requer de nós santidade. Nós, humanos, pelas limitações peculiares, nos limitamos, na maioria das vezes, à aparência. Como Deus nos conhece perfeitamente, Ele é o único que tem o poder de reconhecer a verdadeira adoração. O melhor caminho para nós é buscar a santificação e deixar os assuntos de menor importância como secundários. Podemos trocar ideias sobre estilos musicais, mas sem descuidar do estilo de vida que estamos vivendo, diante de Deus (adoração), principalmente, e diante da sociedade (testemunho). Uma boa disciplina espiritual para o crescimento em santidade é a oração e a leitura da Palavra. Aproveito para relembrar o desafio deste trimestre: a leitura de todo o livro dos Salmos, conforme as orientações das leituras diárias. Na próxima lição, continuaremos no mesmo tema, com ênfase no Novo Testamento. Leituras Diárias Segunda: Salmos 86 e 87 Terça: Salmo 88 Quarta: Salmo 89 Quinta: Salmos 90 e 91 Sexta: Salmos 92 e 93 Sábado: Salmos 94 e 95 Domingo: Salmo 96

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