segunda-feira, 30 de abril de 2012

A FAMÍLIA E A CRISE DE AUTORIDADE

Texto bíblico: 2Timóteo 3.1-9
Texto áureo: Provérbios 13.24

A autoridade em nossos dias está muito desgastada. Ela sofre do uso excessivo e da sua má aplicação. O mau exemplo vem de cima e as bases se rebelam quando são obrigadas a se submeter a códigos de lei e de conduta que as próprias autoridades se incumbem de menosprezar. Este descaso é nocivo para todos, pois se instaura um sistema de bangue-bangue em que cada um faz a sua própria lei.
Na vida pública, a questão da autoridade é regulada pelos códigos de conduta e pelos direitos do cidadão. A cidadania está mais valorizada hoje em dia. Porém nem todos conhecem os seus direitos e deles fazem uso. Entre os direitos do cidadão, por exemplo, está o de intocabilidade do corpo. Quando qualquer autoridade usa no tratamento dado ao cidadão formas de coação, tortura ou atitudes degradantes, ela incorre em algo que é preceituado por lei, chamado de abuso de autoridade, passando a estar sujeita às penas previstas.
Na família, vivem-se os dois extremos da questão: frouxidão ou excesso de autoridade: laissez-faire ou autoritarismo. E com isso, quem sempre sai perdendo são os filhos, que se criam sem orientações balizadoras para uma boa conduta social.

A rebeldia dos tempos modernos
Escrevendo a irmãos em Cristo de seu tempo, o apóstolo Pedro alertou quanto à existência de falsos mestres, que, andando segundo a carne, "desprezam as autoridades" (2Pe 2.10). Dá para se perceber que o problema, então, é de longa data. Entretanto os mais idosos costumam dizer que "as coisas estão muito mudadas", já não são "como antigamente". Então, isto pode ser um indício de que vivemos dias em que a questão da autoridade sofre do mal do "pouco-caso". Caiu-se num sistema depreciativo da autoridade, e isto tem levado a uma exacerbação deste sentimento em que sofrem as instituições, e a família não fica para trás.
As conquistas sociais forjaram várias gerações de jovens que abraçaram de certa forma um ideal de liberdade. Somem-se a isso os novos ventos de democracia soprados sobre países, que dura e cruelmente experimentaram, em algum período ao longo do século XX, algum tipo de censura sobre sua democracia. Saiu-se do extremo da repressão para o extremo da liberação. Muitos jovens embarcaram nesta canoa furada do "sigo minha consciência, faço o que me dá prazer" e assim, perdeu-se o controle da situação.
Muitos pais reclamam da rebeldia de seus filhos: crianças que não querem estudar; adolescentes que fogem da escola; jovens e adolescentes que se envolvem com as drogas. Some-se a isso, também, a facilidade para relacionamentos sexuais ilícitos; a influência nociva dos meios de comunicação de massa; entre outras questões graves de nossos dias. Mas devemos também olhar o outro lado da moeda, e lembrar do afrouxamento do controle do comportamento dos filhos por parte de pais que não querem provê-los de uma educação responsável. O fato é que filhos-problemas podem revelar a existência de pais-problemas. A psicologia tem mostrado que, quando um filho se envereda pelo caminho das drogas, a família já ficou doente antes. Segundo o psicólogo Vicente Parizi, especialista em psicologia transpessoal, "numa família saudável ninguém usa drogas ou abusa do álcool" (Ultimato, nº 282, pág. 14).
Tudo isso leva-nos à compreensão de que vivemos dias difíceis, à semelhança do alerta dado por Paulo a seu filho na fé Timóteo: "Sabe, porém, isto: Nos últimos dias sobrevirão tempos difíceis; pois os homens serão amantes de si mesmos, gananciosos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeição natural, irreconciliáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, atrevidos, orgulhosos, mais amigos dos prazeres do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando-lhe o poder" (2Tm 3.1-5).
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Como ser pai sem perder a pose
Muitos jovens casam-se hoje em dia sem estarem devidamente preparados para a vida a dois. Como faz falta a figura do conselheiro nupcial! Casam-se para ficarem livres dos pais, para alcançarem uma pretensa independência, para legalizarem uma vida sexual ativa que se vive escondidamente, para tantos fins menos nobres e, no decorrer dos dias é que vão se deparando com as questões mais pertinentes à vida de um casal. Vários destes jovens já entram para o casamento trazendo um filho na barriga ou mesmo já nascido. Como vão educar uma criança se ainda não aprenderam a cuidar de si mesmos? Por conta desta má preparação para a paternidade ou a maternidade, sofre-se uma inadequação a este novo papel social, que se tem que assumir quando chega uma criança no lar.
E, como a corda sempre arrebenta do lado do mais fraco, muitas vezes são as crianças que sofrem nas mãos desses pais. Pais embrutecidos pelos problemas da vida, que descarregam sobre a inocente criança suas frustrações e seus recalques. Diante de uma situação destas, vale o conselho de Paulo: "E vós, pais, não provoqueis à ira vossos filhos, mas criai-os na disciplina e instrução do Senhor" (Ef 6.4 - ECA).
Nesta advertência paulina, vamos encontrar o reconhecimento de uma situação muito comum nos lares: há pais que são mestres em provocar à ira seus filhos. Como fazem isto? Vivendo de forma a não se dar ao respeito, a não preservar a sua condição de pai e a autoridade inerente ao seu posto. Quando se perdem as rédeas da disciplina familiar, seja porque a rebeldia dos filhos extrapolou os limites do aceitável, seja porque os próprios pais não são exemplos a serem seguidos, então fica difícil de obter qualquer resultado positivo na vida de muitos adolescentes e jovens.
Provocar à ira os filhos pode ser de forma objetiva, como responder mal, não dar a atenção requerida, não respeitar o cônjuge, e assim despertar a revolta, entre outros casos. Mas pode ser também indireta, como ser irresponsável e não contribuir para a boa formação do caráter e do futuro do filho, ou mesmo prejudicar seus sonhos por meio de comportamentos inadequados.
Ser pai não é sinônimo de sisudez, endurecimento, dura cerviz, formalidade. Pode-se ser um bom pai e ainda assim ser amigo, legal, leal, brincalhão, recreativo. Pode-se e deve-se exercer a disciplina com autoridade e nem por isso se perderá a simpatia e a amizade do filho. Toda criança sabe quando erra e quando está a merecer um castigo. Saber aplicá-lo na dose certa, na hora certa e com amor, será muito benéfico para a formação de seu caráter. Como diz o provérbio: "O que retém a vara odeia a seu filho, mas o que o ama a seu tempo o disciplina" (Pv 13.24). E o filho sabe disso.


Aplicações para a vida
Vamos concluir nosso estudo sobre a crise de autoridade, reportando-nos ao modelo bíblico de autoridade familiar e em que bases ela deve ser estabelecida.
1ª) A Bíblia reconhece a autoridade do pai como líder da família - Não podemos fugir desta constatação bíblica. A figura do pai como peça-chave no exercício da autoridade está bem clara na Bíblia e, se as famílias experimentam muitos problemas hoje em dia, isto também tem a ver com pais que não assumem o seu papel e deixam com as mães (verdadeiras heroínas) esta tarefa (Ef 5.22-6.4).
2ª) A autoridade do pai é compartilhada com a esposa - Ter a prevalência da autoridade no lar não significa despotismo por parte dos homens. O exercício da autoridade está mais para o exemplo de conduta e proceder do que para a aplicação da vara. Assim sendo que, na visão moderna de parceria que deve existir no casamento, o casal deve agir em conjunto, harmonicamente, no exercício da autoridade sobre os filhos.
3ª) A autoridade que funciona é aquela que se exerce na base do amor - O amor é a base da vida. Sem ele, nada funciona como deveria. Não seria diferente numa religião em que a maior característica de seu Deus é "ser amor" (1Jo 4.8).
4ª) Toda autoridade precisa ser legitimada pelas Escrituras - Os pais precisam aprender a aplicar e exercer uma autoridade com base nos princípios bíblicos. Quando se vive e se recorre à autoridade da Palavra para a aplicação da disciplina, os resultados sempre são infalíveis. Há um preço, o preço da fidelidade. Quem for sábio que o pague e verá os lucros futuros na vida de filhos prósperos, dedicados e fiéis servos do Senhor. A Escritura é proveitosa para muita coisa, inclusive para ensinar, repreender, corrigir, instruir em justiça (2Tm 3.16).

LEITURAS DIÁRIAS
segunda - 2Pedro 2.10
terça - 2Timóteo 3.1-9
quarta - Efésios 6.1-9
quinta - Provérbios 13.24
sexta - Jeremias 29.6
sábado - Hebreus 13.4
domingo - 2Timóteo 3.14-17

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