quinta-feira, 19 de abril de 2012

A ERA DOS RELACIONAMENTOS DESCARTÁVEIS

Texto bíblico: Jeremias 31.1-40
Texto áureo: Jeremias 31.3


Uma marca cruel dos tempos em que vivemos é a superficialidade dos relacionamentos. As pessoas se tornam, forçosamente, ilustres desconhecidas, já que as relações sociais são restringidas ao mínimo necessário para a sobrevivência. Além disso, quanto menos envolvimento emocional ou afetivo com o outro, melhor. Para não haver compromissos. Para não haver carências. Para não sofrer rupturas.
Esta abordagem que mostra a vivência superficial dos relacionamentos revela que tal comportamento atingiu também a família. Casamento passou a ser não mais aquele compromisso "até que a morte separe", mas "até que surja uma nova opção". Com isso, a família saiu prejudicada e o futuro passou a correr o risco de tornar-se mais “sensaboroso” para aqueles que de alguma forma continuam acreditando na família e têm de lutar contra os novos conceitos, novos valores e novas formas de "ser família" dos tempos modernos.

Os perigos de uma sociedade extremamente voltada para o prazer
Esta sociedade que cultua o individualismo é extremamente voltada para o prazer. Um lema de uma grande Loja de Departamentos que faliu (talvez tenha sido por isso) era: "Sua satisfação garantida ou seu dinheiro de volta!". Isto retratava bem claramente a ambição humana de encontrar satisfação, ter lucros, se dar bem. Também é isso que as pessoas querem obter em seus relacionamentos: Satisfação! Numa visão egoísta da vida, para dentro de si mesma, esquecendo-se de que relacionamento é uma via de mão dupla: à medida que eu procuro satisfazer o próximo, eu sou satisfeito.
A busca irrefreada e irrefletida do prazer têm absorvido em grande escala o que o ser humano tem de melhor: criatividade, saúde, espontaneidade, laços familiares, espiritualidade. E o ser humano não tem se dado conta disto. É bíblico: "O homem natural não compreende as coisas que são do Espírito de Deus" (1Co 2.14). Assim sendo, este hedonismo leva as pessoas para mais perto de um mundo imoral, em que as velhas crenças e o velhos valores são postos de lado, em benefício de supostas satisfações mais imediatas. Casas de shows, praias de nudismo, filmes, eventos, publicações são a ponta mais visível de uma indústria do entretenimento, que visa oferecer prazer para as pessoas. Não há nenhum tipo de compromisso com as verdades bíblicas.
Num certo sentido, também a liberação feminina, a partir dos movimentos feministas, que buscavam a libertação da mulher do jugo opressor do homem, contribuiu para estas mudanças. Com o advento da pílula anticoncepcional, a mulher tornou-se mais independente, foi à luta, conquistou seu espaço no mercado de trabalho, galgando maior desenvoltura pessoal e desapegando-se da figura masculina. Não se questiona a importância que teve a mulher buscar seus direitos sociais, mas não se pode deixar de perceber o quanto isto representou de perda para a família em muitos aspectos.

Casamentos que prescindem do compromisso
Neste tópico queremos discutir um pouco a diferença entre "o amar" e "o gostar". Para um relacionamento dar certo, funcionando como deve, precisam existir os dois. Os dois são importantes, cada qual na sua função. Mas falemos antes de outro elemento muito presente nos relacionamentos: "a paixão". A paixão difere do amor, na medida em que ela possui a marca da extemporaneidade, num concerto improvisado do amor que nem sempre afina. A paixão é galopante, avassaladora, muito sentida e pouco pensada.
É preciso se ter muito cuidado com a paixão. Aquele sentimento de se estar "perdidamente apaixonado" por alguém, muitas vezes, não passa de um interesse físico, sexual, que tão logo seja satisfeito pode levar ao rompimento da relação. Os adolescentes (principalmente) e jovens e, mais presentemente, os quarentões da vida, são presas fáceis da paixão. Uma vez por ela engodado, pode-se pôr muita coisa a perder, e o Diabo é astuto em suas maquinações para destruir a família.
Mas, falemos do "amar" e do "gostar". Dizíamos que ambos precisam se fazer presentes nos relacionamentos; nos casamentos. O que é o gostar? O gostar é uma qualidade de interesse em algo ou alguém que revela tendência ou inclinação para algo. É ter prazer em possuir, experimentar, saborear, pertencer a algo ou alguém. É ser simpático, interessado, com a atenção voltada para aquilo que lhe desperta afinidades. É sentir o sabor de algo que lhe agrada. Não pode faltar o "gostar" num relacionamento que se pretende eterno (não "eterno enquanto dure" como apregoou Vinícius de Moraes). Como pode alguém conviver por anos a fio com outrem de quem não gosta? É preciso gostar! E no casamento este gostar é sinônimo de ter prazer.
Mas e o amar? O que é? O amor, como acontece? Ah, "o amor é lindo", diria o romântico. "O amor é a porta que abre o paraíso", diria o poeta. "O amor é o compromisso que se estabelece nas dobras do coração", diria o filósofo. Este sentimento fundamental para a vida e para a fé; para o presente e para o porvir, é algo inerente à vida cristã, ao casamento cristão. Sem amor não há lar que resista. Diria que o amor é conceitual, é filosófico. É mais da cabeça do que do coração (embora Blaise Pascal tenha dito que "o amor tem razões que a própria razão desconhece..."). Então, o amor é uma escolha, uma decisão.
Tudo isso que temos falado neste tópico é o oposto do que essa sociedade de relacionamentos descartáveis apresenta. Vivemos dias de casamentos sem compromisso, obviamente, casamentos sem amor. Devemos responder com casamentos de qualidade para influenciarmos positivamente nossa geração.

A problemática do divórcio
Não poderíamos deixar de abordar esta questão neste estudo. A drástica consequência de tudo o que temos visto sobre esta era de relacionamentos descartáveis é o aumento agressivo de separações de casais. A superficialidade, a falta de amor, o descompromisso desta geração desemboca na cruel realidade do divórcio, que destrói famílias, agride filhos e provoca rupturas difíceis de serem corrigidas.
Como a igreja deve se comportar diante da escalada do divórcio na sociedade? Pode a igreja fechar os olhos a essa realidade? E quando as pessoas que tomam decisões espirituais em nossas igrejas vêm de lares desfeitos ou estão com seus casamentos rompidos? Esta é uma questão muito delicada, para a qual não podemos tapar os olhos.
Em primeiro lugar, a igreja de Jesus Cristo deve pautar-se por uma postura contrária ao divórcio. Todo líder que é espiritual deverá ir até as últimas consequências para salvar um casamento à beira da ruína. Mas muitos casos têm chegado até nossas igrejas já insolúveis, questão de anos, de novos relacionamentos, novas famílias. O que fazer? Então, reafirmamos: a igreja de Jesus Cristo deve ser contrária ao divórcio, mas a favor do divorciado! Todo divorciado é também um pecador digno do amor de Deus, alvo do perdão e da graça divinos. Se tudo se faz novo na vida de quem está em Cristo, se todas as coisas velhas já passaram (cf. 2Co 5.17) então isto também é uma verdade na vida do divorciado.
Reiteramos que o projeto original de Deus para o casamento é a sua indissolubilidade, um casamento para sempre (Mt 19.6), e que isto continua sendo válido para nossos dias, mas que, por causa da dureza dos corações humanos (Mt 19.8), nossos pecados, Deus permite que haja uma válvula de escape, a cláusula exceptiva mencionada por Jesus (Mt 19.9) para contribuir com ministrações de misericórdia aos que estejam enfrentando tais problemas. Trata-se de assunto sério, que não podemos tratar com leviandade, muito menos sem amor, mas que deve-se enfocar a partir da perspectiva de que "cada caso é um caso" a fim de que se busquem as melhores soluções de Deus.

Aplicações para a vida
Fiquemos com as seguintes conclusões, que são desafios de tudo o que temos visto neste estudo:
1ª) A família precisa valorizar a espiritualidade - Em um mundo que valoriza o material e o que satisfaz ao corpo, a família precisa valorizar o espiritual, investindo na comunhão com Deus.
2ª) A família precisa fundamentar-se no amor - A família não pode abrir mão do amor como amálgama a unir seus membros. Espelhar-se em Deus e no seu amor incondicional deve ser busca constante (Rm 5.8).
3ª) A família precisa estabelecer-se em laços de compromisso - O compromisso de amparar, zelar, investir, amar, cuidar e proteger a família não deve ser posto de lado. Todos os membros da família precisam contribuir para seu sucesso.

LEITURAS DIÁRIAS
segunda - 1Coríntios 2.6-16
terça - Salmo 1.1-6
quarta - 1Coríntios 13.1-13
quinta - Jeremias 31.1-40
sexta - Efésios 5.22-33
sábado - 2Coríntios 5.17
domingo - Mateus 19.1-12

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