quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Uma Abordagem de Isaías

Texto Básico: Is 1.1; 6.1-13

Isaías é o conteúdo da Revelação de Deus ao Seu povo, num momento do desenrolar da história humana, que envolve a descendência de Abraão, na qual todos os povos da terra serão abençoados (Gn 12.3; 22.18; 26.4; 28.14), etc.
Séculos já passaram. Deus, entretanto, na Sua fidelidade, retidão, perseverança, prossegue no Seu trabalho, para consumar Seu propósito eterno, estabelecido antes da fundação do mundo. Nada o deterá (Gn 18.14; Jó 42.1,2).

Precisamos entender que todo o registro bíblico (Gn 1.1 a Ap 22.21) é a historiografia* do trabalho de Deus para a realização plena do ser humano, individual e coletivamente, como imagem e semelhança do Criador, trazido à existência para Sua glória (Is 43.7; Ef 1.6,12, etc.).

Nesta perspectiva da história em desenvolvimento (linearidade e teleologia) procuremos entender o significado da mensagem de Isaías para o povo de Deus e os povos circundantes de seus dias e, também, que significado sua mensagem tem para o povo de Deus (Sua igreja) e os povos de nosso momento histórico. Fora desta perspectiva, apenas mera informação, seria perda de tempo, recursos, etc.
Consideremos alguns aspectos básicos concernentes ao profeta e sua mensagem que, certamente, nos ajudarão a entender, em sequência, todos os estudos do trimestre.

1- O Ambiente (envolvente e histórico) do profeta e de sua mensagem.

Deixaremos fora de qualquer abordagem todas as questões críticas, por serem de natureza acadêmica. Consideraremos a unidade de autoria e conteúdo, concentrando-nos no significado e relevância da mensagem para o mundo de então e de agora.

1.1- O tempo (data aproximada) do ministério de Isaías.
Isaías ministrou durante os reinados de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias (Is 1.1), mas há possibilidades de que tenha ministrado durante os primeiros anos de Manassés. Foi um longo ministério de uns 60 anos, ou mais.
Uzias reinou durante 52 anos (2Cr 26.1-23); Jotão, durante 16 (2Cr 27.1-9); Acaz reinou por 16 (2Cr 28.1-27); Ezequias reinou por 29 (2Cr 29.1 a 32.33).
A vocação do profeta ocorreu no ano da morte do rei Uzias (Is 6.1-13). Não há qualquer informação de tempo, o texto apenas diz: “nos dias de” (Is 1.1).
Há algumas tradições judaicas que afirmam ter Isaías ministrado, também, nos primeiros anos de Manassés (2Cr 33.1-20), e que o profeta foi martirizado por ele. Há estudiosos que sustentam tais tradições e afirmam que a referência de Hebreus 11.37 “serrados ao meio”, tem a ver com o martírio de Isaías por Manassés.
Considerando os anos de reinado de Jotão (16), Acaz (16) e Ezequias (29), obtemos um período de 61 anos. Se considerarmos os períodos de Uzias e Manassés, podemos concluir que Isaías ministrou durante 60 a 70 anos. Podemos pensar com segurança dois eventos que nos ajudam quanto ao seu tempo: a morte de Uzias, em 740 a.C. (Is1.1; 6.1) e a morte de Senaqueribe em 681 a.C. (Is 37.36-38 ), considerando (740 menos 681 = 59 ).
Isaías escreveu os capítulos 1-39, durante os reinados de Uzias, Jotão e Acaz, segundo alguns eruditos, e os capítulos 40-66 durante seus últimos anos de ministério, nos primeiros anos do reinado de Manassés, sob perseguição, donde resultou a mensagem do “servo sofredor” (Is 52.13 a 53.12). Mas o argumento é questionável, à luz de suas projeções proféticas no Novo Testamento (A questão será considerada em estudo posterior).

1.2- A Envolvente Política

O cenário político nos dias de Isaías se caracterizava por uma grande ascensão do poderio e domínio da Assíria. Tiglate-Pileser dirige suas campanhas e conquistas para o Ocidente, invadindo Israel (reino do Norte) e a Transjordânia entre 745 e 734 a.C.
Sargon e Salmanasar sitiaram e destruíram Samária entre 724 e 722 a.C. Senaqueribe invadiu Judá e boa parte da Palestina Ocidental entre 714 e 701, quando tentou conquistar Jerusalém (Is 36 e 37), sendo derrotado, seu exército destruído e ele mesmo assassinado por seus filhos em Nínive.
Internamente, a situação era muito difícil. No reino do Norte a opressão, a decadência espiritual se manifestavam em toda a extensão (profetas Amós, Oseias, Miqueias).
Judá, por sua vez, entrara em declínio sob a atitude idolátrica de Acaz (2Cr 28.1-4 e 16-27), desagradando a Deus, trazendo resultados negativos para o reino do Sul.

1.3- A envolvente espiritual

O ambiente espiritual dos dias de Isaías era também de dificuldades acentuadas. Em Deuteronômio 27.11 a 33.29, Moisés recapitula as ordenanças de Deus para seu povo, deixando claro que as relações entre as parte se expressariam à base de mutualidade, e na condicionalidade do seu cumprimento por parte do povo, A condicionalidade destaca-se pela repetição da partícula “SE”. Uma leitura atenta e cuidadosa dessa porção bíblica ajudará no entendimento das conseqências tristes (destruição) para Israel e Judá.
Os capítulos 01, 58, 59 de Isaías, bem assim as ações de Acaz e Manassés e de alguns outros reis, revelam o triste cenário espiritual enfrentado por Isaías. Vale, ainda, considerar o reinado de Acaz, conforme Isaías 7.1-9.

1.4- Os Profetas Contemporâneos de Isaías

Isaías teve como seu contemporâneo em Judá o profeta Miqueias (Mq 1.1,2). Isaías ministrava na cidade, junto à corte real. Miqueias, como que complementava o ministério de Isaías, atuando na zona rural de Judá, buscando conscientizar o povo acerca da incompatibilidade da injustiça como “expressão de vida” *, como povo santo (Mq 6.8).
Oseias e Amós profetizaram contemporaneamente a Isaías, ministrando às populações do reino do Norte. Enquanto Amós denunciava a opressão e a injustiça, Oseias exortava o povo a respeitar e manter-se fiel à “Aliança” com o Senhor. Sua ênfase era de que a “Aliança era a manifestação do amor do Senhor ao seu povo”.

1.5- O Propósito (Objetivo) da mensagem de Isaías.

Certamente a sua mensagem tem como objetivo primordial conscientizar o povo de Deus acerca da bondade deste por aquele. Já afirmamos e enfatizaremos que o propósito eterno de Deus se centraliza na consumação de Seu Reino, preparado na eternidade para o ser humano, Sua Imagem e Semelhança.
Sua mensagem objetiva mostrar que em meio às situações históricas daqueles dias, Deus permanecia o Senhor de Israel. O Deus único, cujos atributos são relembrados na profecia – que tem autoridade, domínio, poder para realizar progressivamente no processo da história o seu propósito eterno, feito no Redentor (o Messias), que virá em forma humana, e fará a obra de libertação plena, histórica, no tempo determinado –
está trabalhando progressivamente, até que chegue a “plenitude dos tempos” quando sua ação alcançará sua realização plena (Ef 1.9,10).


APLICAÇÕES:

1- Deus ama o seu povo
1.1- Por isso lhe dá mensageiros para instruí-lo e mantê-lo na verdade.
1.2- Ajuda-o por intermédio da mensagem a mantê-lo no ânimo da esperança (glória) futura, que lhe trará plenitude de satisfação.
1.3- Por meio da mensagem aponta o erro (pecado), oferecendo a oportunidade para retornar mediante o arrependimento, à alegria da comunhão com Ele.
1.4- Pela mensagem mostra que não abandona seu povo nas situações difíceis. Ao contrário, sua bondade contínua segue o fiel de “geração em geração”, da criação à consumação.

Glossário e notas explicativas:

• (YHWH): Tetragrama usado nos livros na área da teologia, para referir-se à palavra falada ou escrita “Jeová” (também grafada como “Iavé” ou “Javé”), derivada de um verbo hebraico que em português se expressa como verbo “ser” (existir), cujo sentido básico é “ser em si e por si”. Aquela realidade totalmente independente, isto é, não tem causa nem necessidade extrínseca. Ao contrário, é causa, meio e finalidade de todas as coisas.

• Messianismo: Ensino, Discurso, Doutrina, etc., acerca de um tempo futuro quando a presente situação problemática da humanidade cessará e um novo tempo (época) a sucederá. Essa concepção era característica do povo judeu, denominada no estudo da história da revelação de Deus ao seu povo como “Esperança Messiânica”.
A palavra da qual se deriva a expressão no Antigo Testamento, em nosso idioma, é Messias e no Novo Testamento é Cristo. Ambas foram aportuguesadas, e o seu significado é “Ungido”, isto é, aquele a quem Deus escolheu, credenciou e enviou ao mundo, para redimi-lo.
Veremos nos estudos posteriores que o “Messias” é o Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus.
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• Historiografia: Registro escrito dos fatos históricos; história escrita. No caso, o registro bíblico total é a Revelação do trabalho de Deus na história para restaurar o homem como indivíduo e como raça.

• História: Linearidade e Teleologia: Linearidade é a concepção filosófica de que a história não é repetida, movendo-se como que em círculos. Ao contrário, os acontecimentos tiveram um começo e se dirigem para um fim estabelecido. Teleologia é a concepção filosófica de que os fatos (acontecimentos) na História não são casuais, mas estão inseridos no conceito de um “propósito”, ou se dirigem para uma consumação prevista. Dentro de uma visão da Teologia da História, esta é a expressão do trabalho de Deus, tendo em vista o seu propósito eterno, na pessoa do Filho, dentro da esfera de sua soberania.
Há, entretanto, duas posições: a determinista: tudo foi estabelecido por Deus desde a eternidade, e não há como mudar os acontecimentos. Há a posição não determinista, que considera o livre-arbítrio humano. O Homem atua fazendo a história e Deus na Sua soberania dirige-a, julgando as ações (os atos do homem) retribuindo com reta justiça.



Leituras Diárias:
segunda-feira 2Cr 26.1-23
terça-feira 2Cr 27.1-9
quarta-feira 2Cr 28.1-27
quinta-feira 2Cr 29
sexta-feira Mq 1.1,2; 6.1-8;
sábado Os 5.1-15; Am 5.1-17
domingo Is 1.1; 6.1-13

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