quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A Nação Pecadora

Texto Básico Is 1.1-17.

A atitude de rebeldia do povo israelita é antiga (Êx 5.20-23). Mesmo após a libertação da opressão egípcia, tendo visto todas as ações poderosas do Senhor a seu favor, muitas e repetidas vezes houve murmurações e queixas (Êx 15.23,24; 16.1-3; 17.1-4; 32.1-8).
A história desse povo é marcada por uma sucessão de manifestações rebeldes desde o começo até aqueles dias. Parece-nos difícil entender que o povo escolhido, guiado, sustentado, amparado, conhecendo os atos redentores do Senhor, recebendo Sua Lei, sendo instruído nos preceitos do Senhor, chegasse a um tal estágio espiritual como o descrito pelo profeta Isaías .

1- Expressões contundentes descrevem a condição espiritual do povo:

Criei filhos* e os engrandeci, mas eles se rebelaram contra mim. Deus fala como Pai a filhos ingratos e maus (Is 1.2);
Os animais* conhecem seus donos, mas o meu povo não tem entendimento (Is 1.3);
Nação pecadora*, ao invés de nação santa; povo carregado de pecado, ao invés de carregado de piedade; descendência de malfeitores ao invés de benfeitores; praticantes de corrupção ao invés de praticantes de santificação (1.4).
O Senhor toma o céu e a terra como testemunhas de seu lamento, no começo do verso 2.
Certamente que a disciplina havia sido aplicada, sem qualquer resultado (Is 1.5 – veja-se Am 4.6-12).
O verso 6* descreve, simbolicamente, a situação espiritual do povo como a de um corpo enfermo em estado deplorável.
O país* e a cidade de Jerusalém estão assolados (Is 1.7-10). Provavelmente este foi o resultado da invasão de Judá por Senaqueribe.
O culto formal (ritualista) é rejeitado por Deus por ser-lhe desagradável (1.11-15; 59.1-4).
Esta situação e aquelas de Acaz (2Rs 16.1-20; 2Cr 28.1-27), as situações descritas nos capítulos 56.1-12; 57.1-21; 58.1-14 e 59.1-21 demonstram que tal rebeldia prolongou-se por muitas décadas durante o ministério de Isaías e a sua mensagem não produziu os resultados esperados.
É conveniente lembrar que, depois de Isaías, o profeta Jeremias continuou a pregar em Jerusalém, enfrentando também rebeldia, cujo resultado foi a destruição de Jerusalém e Judá, por Nabucodonosor (Jr 52.1-34; 2Rs 25.1-21; 2Cr 36.11-21).

2- Resultados (consequências) da rebeldia contra Deus.

Ao despedir-se de Israel, antes que este atravessasse o Jordão, Moisés lembra-lhe as ordenanças de Deus, falando das bênçãos e maldições como expressões da justa retribuição de Deus em sua reta justiça, conforme a obediência ou desobediência à sua lei, por seu povo (Dt 27.1-26; 28.1,2 ; 28.15). Deus, soberanamente, concede ao homem o direito de escolha, apontando-lhe os resultados. Chamamos a isso de “condicionalidade relacional” expressa por “Se…Então”.
Se Israel houvesse obedecido, teria recebido a justa recompensa: a Bênção. Não teria havido a rachadura com Roboão e as nações vizinhas teriam convivido com Israel, e não teriam causado dano a povo do Senhor.
Os versos 11 a 15 mostram o povo misturando pecado e culto, ofendendo a Deus, como se Sua santidade fosse algo irrelevante: “De que me serve a multidão de vossos sacrifícios, diz o Senhor? Estou farto de… ( v.11 ); “… vindes só pisar os meus átrios”? (v.12); “não as ouvirei…” (v.15).
Há uma expressão de angústia da parte do Senhor* por causa da insensibilidade do povo, que lhe presta um culto leviano, como: “Parai de trazer ofertas vãs… não posso suportar a iniquidade associada ao ajuntamento solene” (v.13). “As vossas… a minha alma as aborrece; já me são pesadas, estou cansado de as sofrer” (v.14) “quando estendeis as vossas mãos…; e ainda que multipliqueis as vossas orações, não ouvirei”.
Pensavam que os ritos Lhe agradassem, enquanto no coração a maldade reinava. A situação descrita no capítulo 59.1-21 é semelhante, o que demonstra a pertinácia da rebeldia. Deus reconhece tal hipocrisia e a condena (Is 29.13; Ez 33.31; Mt 15.7,8,9; Mc 7.6,7). O mensageiro entrega o recado divino, porém é ignorado. A situação era semelhante nos dias de Jeremias (Jr 1.4-9; 5.1-13; 26.1-15).
O culto formalista é enganoso ao adorador (falso adorador), ofensivo a Deus, refletindo mera expressão externa, sem a sua verdadeira natureza, sem o verdadeiro significado (Jó 4.22,23,24). O perigo permanece em nosso contexto atual.

3- A Oferta de Oportunidade e Perdão (Is 1.16-18)

Quando estudamos a Bíblia inteira e acompanhamos o desenrolar em processo contínuo do trabalho de Deus na história, Sua Revelação progressiva, podemos perceber a “Boa Vontade do Senhor” (Is 53.10). Bondade, paciência, perseverança, longanimidade, amor ilimitado, como expressão de seu caráter Santo.
Uma avaliação de Isaías, Jeremias e Ezequiel nos deixa em perplexidade ante à maneira como o nosso Deus trata o seu povo (Êx 34.6,7; Dt 4.31; 2Cr 30.9; Sl 145.8,9,17; Jo 3.16; Rm 5.8).
Numa situação como as descritas em Isaías, Deus manifesta sua misericórdia e convida ao arrependimento, oferecendo perdão e restauração: “Lavai-vos… purificai-vos; cessai de fazer o mal” (Is 1.16); “Aprendei a fazer o bem; buscai a justiça; acabai com a opressão” (1.17); “Vinde... arrazoemos, diz o Senhor; ainda que os vossos pecados sejam como escarlata… como o carmesim, eles se tornarão… como a neve… como a lã” (1.18). “Se quiserdes e me ouvirdes…” (1.19). O propósito do Senhor é a restauração (Ez 18.23,32).
Ainda que o povo vivesse no pecado, na rebeldia, na desobediência, o Deus amoroso, bondoso, imutável (Ml 3.6) apela ao arrependimento e jamais fecha a porta à oportunidade (voltaremos ao assunto em lição posterior).

Aplicações

1- Deus se revelou ao seu povo, deu-lhe leis, preceitos e estatutos, a fim de fazê-lo bem-sucedido (Mq 6.8; Sl 1.2,3; Tg 1.22-25).

2- As ordenanças dadas pelo Senhor são adequadas, apropriadas à pessoa humana como imagem e semelhança do Criador, para viver como tal. O pecado subjacente à humanidade inteira manifesta-se em rebeldia e desobediência a Deus (Is 59.1-4 e 12-15).

3- O culto aparente, ritualista é enganoso ao adorador e ofensivo a Deus. Esta expressão é contundentemente condenada nos capítulos 1.11-15; 29.13-15; 59.1-18.

4- A mensagem do profeta, nos seus dias e no seu contexto, ajusta-se, aplica-se adequadamente ao nosso contexto. É necessário distinguir mera religiosidade, mera formalidade, mero ritualismo, de autêntica espiritualidade, verdadeira, legítima adoração. Jesus nos adverte fortemente sobre isto (Mt 15.6-9; Jo 4.21-24).

Glossário e Notas Explicativas:

• Deus soberanamente concede direito de escolha:
Há correntes no pensamento teológico que afirmam o determinismo, negando o livre-arbítrio humano, isto é, direito de escolha. Porém a Bíblia mostra claramente o contrário.Precisamos entender que soberania não significa “tirania”. O conceito de soberano e soberania refere-se ao direito natural, intrínseco que Deus possui para atuar ilimitadamente sobre o universo na sua totalidade. O homem é imagem e semelhança do Criador, habilitado a relacionar-se com Ele, atuar sobre a criação; é ser moral, responsável por sua ação. Por isso, Deus lhe deu leis, ordenanças, etc. A retribuição justa é aplicada de acordo com as “expressões de vida” de cada indivíduo. Agir moralmente é dever (deontologicamente = dever moral) no uso de sua liberdade pessoal. Sem liberdade de ação não há como estabelecer responsabilidade moral.
Deus retribui a cada um conforme este conceito (Dt 24.16; Ez 18.4,20; Mt 16.27; Rm 2.1-11; 2Co 5.10; 1Pe 1.17; Ap 2.23; 20.12; etc.).

• Angústia do Senhor
O texto descreve a reação do Senhor às ofensas que lhe são feitas por seu próprio povo. O agir daquela gente que existia como expressão de sua bondade, que conhecia sua Palavra, sabia dos atos de poder a seu favor, desagradava a Ele. Em vários passos bíblicos lemos de sentimentos surgidos no Senhor, provocados por ações perversas do ser humano (Gn 3.17; 6.5,6, etc). Ora, para nossa compreensão de que o nosso Deus é ser moral, que sente e reage às situações, a Bíblia usa expressões que nos ajudam a entender “os sentimentos d’Ele”. Chamamos a esta maneira de referir aos sentimentos de Deus “antropopatismo”, palavra derivada do grego, que significa atribuir a Deus sentimentos humanos.

• SE… ENTÃO
Ação e resultados compatíveis. Cada ação nossa produz-nos resultados adequados, compatíveis com ela. Chama-se a isso “condicionalidade da ação ao seu resultado correspondente”. Isto acontece em muitos aspectos da vida; por exemplo, na física, na química, etc. Paulo o expressa numa relação causa-efeito: “o que homem semear, isso ceifará” (Gl 6.7,8,9). Ora, a Bíblia mostra que há uma clara condicionalidade relacional entre o homem e Deus (Dt 28.1,2,15; 2Cr 7.13,14; Is 1.19,20).
Deus revelou-nos o que é bom (Mq 6.8), mostrando-nos como fazer boas escolhas, colhendo bons resultados, sabendo que Ele retribui adequadamente (Is 59.18).


Leituras Diárias

segunda-feira Is 1.1-17
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quarta-feira Is 5.1-17
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sábado Is 59.1-21
domingo Is 7.1-9

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