terça-feira, 13 de setembro de 2011

UMA IGREJA QUE CUIDA DO AMBIENTE

TEXTO BÍBLICO: Romanos 8.21,22

Introdução
Nos últimos tempos as pessoas têm voltado sua atenção para algumas questões até então ignoradas. Uma delas é a preocupação com o meio ambiente. Essa é sem dúvida uma questão urgente, pois diariamente testemunhamos graves desastres ambientais (Os 4.3). Mas também havemos de considerar os outros ambientes dos quais todos nós indistintamente fazemos parte: o ambiente espiritual e social.
Na década de 60, um historiador norte-americano, chamado Lymn White Jr. afirmou categoricamente que o mundo ocidental cristão era responsável pela atual crise ecológica do nosso planeta. Entendia, à luz de Gênesis 1.28, que as matrizes de todos os problemas ambientais e ecológicos fundamentavam-se na concepção antropológica judaico-cristã; era uma severa crítica ao cristianismo. Em sua visão deturpada da mensagem bíblica ele afirmava que era vontade de Deus que o homem explorasse a natureza em benefício próprio. Seu pensamento provocou uma onda de agitação no campo da sociologia, filosofia e da teologia. Do lado da teologia, deu-se início a um movimento chamado Ecoteologia; mas, embora o tempo tenha passado e os problemas ecológicos se tornado mais visíveis no mundo todo, muito pouco se fez. E hoje, eles batem à nossa porta, à porta de nossas casas, de nossas famílias e de nossas igrejas.
Infelizmente, durante anos, nossa maior preocupação era só em salvar as almas, não dando atenção ao fato que as almas habitam um corpo e que este ocupa um lugar no espaço. A mensagem de salvação atinge a consciência cristã, deixa claro que estamos de passagem por esta terra e que devemos tornar essa nossa peregrinação mais saudável, deixando no caminho as marcas de um novo ser: um ser que venceu a alienação de si mesmo, da sociedade e da natureza como um todo.
Essas questões, certamente, têm causado bastante mal-estar e provocado muitas discussões acaloradas tanto no meio dos estudiosos do assunto, como da população em geral.

I- O ambiente natural – nossa relação com a natureza
Diante dos últimos acontecimentos catastróficos, nossa fé tem sido desafiada em todas as esferas da vida, inclusive na individual e também na social.
De acordo com as Sagradas Escrituras, o ser humano é o representante de Deus na obra da Criação, é aquele que deveria prolongar a obra criadora de Deus (Gn 1.26-28), cuidando da terra com responsabilidade (Gn 2.15) e desenvolvendo uma convivência pacífica com as árvores e os animais (Dt 20.19; 22.6), consciente da importância do planeta e que não dá para ter desenvolvimento agredindo a natureza.
Deus em sua infinita bondade e sabedoria orientou o homem a administrar e cuidar de uma rica herança – o paraíso. Cultivar é o mesmo que trabalhar a terra, e guardar é o mesmo que preservá-la, portanto, a ordem do Pai é clara e objetiva. Ele nos emprestou a terra, que é sua propriedade (Sl 24.1,2) e dela devemos ser bons usuários, preservando sua fauna, sua flora e seus recursos naturais, que são finitos. Um fato importante a ser sempre lembrado é que o ser humano, induzido por aquele que veio para matar, roubar e destruir, tem se valido daquilo que não é seu – A Terra com tudo que nela há (Sl 24.1) – para intervir na ordem natural dos fatos, ocasionando prejuízo para si e para os outros.
Certa vez ouvi numa classe de EBD: “Não sei por que tanto cuidado com a Terra. Tudo isso não vai ser destruído mesmo?”. É verdade, afirmei; mas não é só porque sei que vou morrer um dia, que vou antecipar a minha morte. Isso é pecado. Infelizmente algumas pessoas ainda pensam assim: estão tão preocupadas com a vida na eternidade que esquecem de vivê-la de forma saudável aqui.
Na agitação descomunal dos dias atuais, até os cristãos estão perdendo a sensibilidade, a capacidade de parar, admirar a beleza da natureza e ver nela a grandiosidade de Deus e percebê-la como amiga e ensinadora dos propósitos divinos (Sl 8; Mt 6.26-29).
Você já se viu tomado por uma visão da natureza, diante de uma estupenda praia de areias brancas e águas transparentes; diante de uma linda cachoeira; de um pôr do sol de fazer calar a alma; de uma noite de céu estrelado e de tantos outros quadros naturais emoldurados pela sensibilidade? Diante deles eu já entoei várias vezes aquele hino que diz: (...) “Então minha alma canta a ti, Senhor: Grandioso és tu”!
Esse mundo esplêndido, maravilhoso, mas também tão frágil, tem sofrido as consequências da desobediência humana e, como não podemos fugir da “lei do retorno”, todos temos sofrido também (Gl 6.7).
A natureza, fonte da revelação geral de Deus, precisa ser vista pela igreja como a grande ajudadora no plano de evangelização: Ela anuncia as obras de Deus (Sl 19.1).

II- Ambiente espiritual – o relacionamento com Deus e na casa de Deus
Enquanto a igreja não se perceber como detentora de uma mensagem de vanguarda, viveremos na retaguarda sendo rebocados pela ditadura das paixões mundanas e da espiritualidade superficial.
Com o advento da tecnologia, principalmente da informática, da internet, ingressamos num mundo novo: o mundo virtual. De repente nos tornamos conhecidos em vários lugares do mundo, sem sequer sairmos de um dos cômodos de nossa casa. Conhecemos “um milhão de amigos”, que não são reais, mas apenas virtuais. Somos alienados por que não passam de mensagens “twitadas”, “orkutadas”, sem profundidade, sujeitas ao tempo, à vontade, ao vício e créditos de cada um. São amigos que vêm e se vão na velocidade de um click ou no aperto de uma tecla.
Há aqueles que já perderam ou nem adquiriram a capacidade de compartilhar sentimentos profundos; são incapazes de se verem nos olhos do outro, preferem os contatos telefônicos, as mensagens via internet, os recadinhos no orkut e nos celulares.
Há também pastores que já aconselham suas ovelhas pelo MSN. É mais prático para eles e menos constrangedor para elas; não é mais preciso o tão incômodo “olho no olho”.
Em muitas igrejas, a entrega dos dízimos e das ofertas é feita por meio de cartão de crédito ou de transferências, depósitos bancários e assim, vamos perdendo a alegria do doce momento da dedicação (Sl 122.1). No lugar da obediência com gratidão, valoriza-se a eficiência.
Ensinam-nos que a vida religiosa é rentável: tudo vai prosperar e então, a igreja tem se transformado numa empresa da fé, um negócio abençoado e abençoador quando achamos que podemos tirar proveito financeiro e social da nossa fé (At 5.11; At 16.16-19). A Palavra de Deus nos alerta contra tais atitudes (Mt 21.12,13).
O resultado de tudo isso é aquele que já começamos ver em algumas igrejas: templos vazios, porque as pessoas estão muito cansadas, ocupadas, preocupadas consigo e com seus negócios e com uma fé que se basta, são como ramos amputados da videira (Jo 15.6). Outra realidade também é notada: templos superlotados onde as pessoas dão os seus “lances de fé” ou se acotovelam para alcançar alguma bênção (Jo 6.26).
Como está o meu ambiente espiritual? Ele também precisa ser cuidado e preservado para que não se perca.

III- Ambiente social – minha relação com o próximo
Creio que todos os itens deste estudo estão intimamente ligados e isso é proposital.
Durante décadas e décadas a sociedade como um todo está exposta a um tipo de doutrina filosófica chamada Deísmo. O que é o Deísmo? É uma crença em um Deus criador, mas que não mantém envolvimento contínuo com o mundo e os eventos da história humana. Em suma, é o deus apenas Criador, mas não Senhor.
Essa doutrina tem ao longo dos anos causado estrago em muitas vidas.
Muitas pessoas pensam: Se Deus não está nem aí para a sua criação, por que tenho eu de me preocupar com ela?
Também pensam: se Ele não está nem aí para mim, por que devo me preocupar com Ele?
Muitas dessas pessoas até admiram Deus por causa da sua criação, vendo-o como o designer criativo, mas também como o pai que pôs o filho no mundo e o abandonou, deixando-o como órfão.
Isso tem gerado nas pessoas um sentimento de solidão, abandono e revolta. Muitos crentes também se sentem assim: sozinhos no mundo, enfrentando todas as dificuldades e, à medida que vão conseguindo sobreviver, vão se sentindo mais capazes por si mesmos, se fecham, não abrem espaço para ninguém a não ser para eles mesmos.
É a geração de egoístas, que busca seus próprios interesses, amantes de si mesmos (2 Tm 3.2); que olha para si e para os outros e diz: “não há Deus” (Sl 14.1).
Geração que ajunta tesouros na terra (Mt 6.19-21), que busca os primeiros assentos (Mc 12.39), e até as orações nas esquinas (Mt 6.5), mas muito distante dos propósitos de Deus (Mc 12.30).
Essa postura vem, ao longo dos anos, alimentando um espírito de disputa, de competição na sociedade e na igreja também. Ninguém mais quer servir; todos querem ser servidos (Lc 22.24-27). Ninguém quer ser servo. Todos querem ser senhores (Mt 20.26-28). Também pensam que se Deus existe, existe para atender às exigências de seus filhos caprichosos, infantis na fé e cada vez mais exigentes.
Como o Deísmo ensina, se Deus não está preocupado com a sua criação, também as criaturas podem fazer o que bem entendem e o culto não precisa ser para agradar a Deus, mas para agradar os próprios adoradores. Então, vale tudo que os adoradores desejarem.
Algumas igrejas já nem conseguem mais ver-se, e serem vistas como tais.
Outras há que se preocupam muito com o “ir até Deus”, mas não em trazer o reino de Deus à terra. O sal precisa sair do saleiro (Mt 5.13-16).
Como igreja do Senhor, precisamos aprender com Ele mesmo a buscar relacionamentos sólidos, duradouros, baseados na integridade cristã e no verdadeiro amor (Jo 17.25,26).
Se assim agirmos, seremos capazes de redirecionarmos o nosso olhar, procurando melhor relacionamento com Deus, com nós mesmos e com o próximo.

Para pensar e agir
 A Terra é a nossa casa, ainda que por um pouco de tempo. Enquanto estamos aqui, zelemos pela obra de Deus. O que podemos fazer hoje pelo mundo de amanhã?
 O progresso é bom e inevitável, mas ele precisa estar a serviço da qualidade de vida das pessoas.
 O modo como me relaciono com as pessoas diz como me relaciono com Deus. Já pensou nisso?
 A espiritualidade precisa ir além das paredes do templo e do meu local individual de leitura da Bíblia e oração.
Como tem sido o meu ambiente espiritual?
Devemos cuidar da criação, mas sem transformar a natureza em divindade e a causa ecológica em culto. Amá-la sim, idolatrá-la jamais (Rm 1.25)!
Leituras diárias:
segunda-feira – Gênesis 2.4-15
terça-feira – Gênesis 3.9-18
quarta-feira – Levítico 25.1-4
quinta-feira – Lucas 18.9-14
sexta-feira – João 8.1-11
sábado – João 17.1-24
domingo – Mateus 6.2-18

Nenhum comentário:

Quem sou eu

Minha foto
Igreja Batista Ebenézer. Uma igreja que AMA você!