terça-feira, 19 de julho de 2011

Uma igreja que investe na espiritualidade sem se desviar para o fanatismo

Texto: Colossenses 2.1-23

Introdução
Paulo recebe de Epafras, pastor de Colossos (Cl 1.7; 4.12,13), informações quanto ao surgimento de correntes teológicas ameaçadoras da saúde espiritual das igrejas organizadas na província romana da Ásia, novo centro de divulgação do cristianismo. Era o gnosticismo, do grego gnosis, conhecimento, usado para designar um corpo de ensino herético que se alastrou e foi combatido nos séculos iniciais da igreja. Essas correntes acreditavam que o mundo criado era mau e encontrava-se separado do mundo do espírito, e existia em oposição a ele; nesse mundo espiritual, o Deus majestoso e supremo habita em esplendor inacessível, sem se relacionar com o mundo material. Esta falsa filosofia era inimiga ferrenha de Cristo e da sua igreja.
Os ensinos aqui ministrados esclarecem que a melhor forma de combater a heresia não é guerrear contra os hereges, mas desafiar e motivar os santos de Deus a viverem a fé, a construírem uma espiritualidade saudável, levantando a bandeira do evangelho e vivendo de modo digno de Cristo (Cl 1.10), que é a imagem de Deus (Hb 1.2,3) e tudo em todos (Cl 3.11).

I –Desenvolve a espiritualidade

Essa construção ou prática da espiritualidade está intimamente ligada à consciência de Deus (Cl 2.2), do pecado (Cl 2.8), da confissão (Sl 32.6; 1Jo 1.9; Tg 5.16), do autoexame (2Co 13.5) e da palavra, andar de acordo com o que recebeu de Cristo (Cl 2.6). A igreja milita no campo da fé, visando desenvolver no ser humano a espiritualidade, motivando-o a responder ao agir de Deus na História, a ter contato com seu criador e com Ele cultivar um relacionamento perceptível por meio de transformações concretas em sua vida (Ef 4.17,18). Como promotora da espiritualidade ao longo dos tempos, a igreja sofre ataques frontais do inimigo, que sutilmente tenta introduzir filosofias e vãs sutilezas, com o objetivo de afastá-la de sua missão e dos interesses do Reino. A espiritualidade pode ser extremamente nociva se não vivida equilibradamente nos fundamentos de Cristo (Ef 2.20; 2Tm 2.19), se desconectada da fé (Hb 11.6) e sem conhecimento de Deus: sua natureza e atributos (Rm 1.19-21).
A igreja de hoje precisa estar ancorada em Cristo, em quem estão contidos todos os tesouros divinos da sabedoria e da ciência (Cl 2.3), naquele que é caminho para o perdão, para a santificação e para o conhecimento espiritual, única fonte de poder. Por isso, os métodos gnósticos para alcançar conhecimento, por meio de mera especulação humana e sem Cristo, eram falsas. Além do exposto, a igreja precisa viver uma fé genuína e gerar cristãos, pela obra da redenção (Ef 1.7; Hb 9.12), que sejam equilibrados em meio a um mundo em desequilíbrio, cristãos centrados, maduros e com consciência crítica e não massa de manobra, levados por todo vento de doutrina (Ef 4.14); cristãos que anseiem pelo céu, mas que exerçam bem a sua cidadania terrena, que não naufraguem frente às adversidades (Sl 27.5), cristãos flexíveis, sintonizados com o tempo, mas firmes e constantes em suas ações (1Co 15.58).


II – Visão focada na verdade

Não existe espiritualidade com ausência de lucidez quanto à verdade. Jesus disse que o conhecimento da verdade esclarece, tira a miopia espiritual e liberta (Jo 8.32,36). O entendimento traz luz, inibe a manipulação e projeta para além da mediocridade. O Dr. Martin Loyd Jones lecionou que a igreja anterior à Reforma Protestante do século XVI estava moribunda e sonolenta debaixo da filosofia escolástica (uma linha dentro da Filosofia da Idade Média, que tentava harmonizar a fé e a razão) que ostentava grande destreza e perspicácia intelectual e crítica. Entretanto, tudo estava nas nuvens e era tratado com vagos conceitos e generalidades, enquanto o povo era mantido na mais completa ignorância. Espiritualidade sem visão focada na verdade, no aperfeiçoamento dos santos (Ef 4.12) não passa de retrocesso espiritual, um campo aberto para a proliferação do fanatismo, das crendices e das superstições.
Focados na verdade, agimos regidos pelo Senhor e iluminados pelo Espírito, aprendemos a escolher o que convém, que terá primazia sobre o que queremos (1Co 6.12) e a praticar os ensinos de Cristo: onde o menor é o maior (Mt 18.1-3); o que se humilha é exaltado (Lc 18.14); o perseguido é feliz (Mt 5.11); o que chora é consolado (Mt 5.4); quem é ferido em uma face, oferece a outra (Mt 5.39); anda a segunda milha (Mt 5.41); deixa a capa (Mt 5.40); ama o inimigo (Mt 5.44); ora pelo que o persegue (Mt 5.44b); o ofendido procura o ofensor para ganhá-lo (Mt 18.15,16); o temperamento é controlado pelo Espírito; o mal cede espaço ao bem; a vingança ao perdão; a guerra à paz; a intolerância ao amor; e a fraqueza, à graça que fortalece. Essa prática reflete uma espiritualidade sadia, seguindo os padrões de Deus e jamais se desviará para as evidências de práticas equivocadas.

III – Foge do supérfluo e da superficialidade

A vida cristã não pode ser centrada em sentimentos e emoções, mas na Palavra, para não ser oscilante, vulnerável e superficial. A Palavra traduz a essência de Deus, é a base para prevalecer sobre toda a sutileza. O apóstolo combateu o ascetismo (moral que desvaloriza os aspectos corpóreos e sensíveis do homem) ensinando que Cristo liberta dos tabus; que castigar o corpo praticando autoflagelo tendo uma religião de fachada, sem mudança no íntimo, não combate os desejos da carne nem traz vigor espiritual (Cl 2.20-23). Não há como alcançar a moralidade sem estar unido a Cristo. Ele é a essência da revelação, padrão e motivador para a conduta ética.
Escrevendo aos gálatas, o mesmo apóstolo deixou claro que eles estavam recuando, admitindo volta à lei, porque foram superficiais na compreensão da mensagem do evangelho (Gl 1.6-8). O conhecimento da essência da verdade eterna proporciona embasamento na fé, impede os desatinos da natureza carnal (Gl 5.19-21) e dá segurança para resistir aos propagadores de falsas mensagens (Gl 1.9; Cl 2.8; 2Ts 2. 2) e a tudo o mais que se opõe a Deus.
Quem deseja viver firmado em Cristo precisa crescer n’Ele (2Pe 3.18), pois nos resgatou dos princípios elementares do mundo para adoção de filhos (Gl 4.3,4). Agora que o conhecemos e d’Ele somos conhecidos não dá para retroceder (Gl 4.9), nem viver de forma leviana ou dissoluta (Lc 15.13), agindo como infantil, necessitando ser conduzido pela mão e incapaz de digerir alimento sólido (Hb 5.12). O conhecimento traz zelo de Deus e entendimento (Rm 10.2), viabiliza um aperfeiçoamento continuado (Hb 6.1), subtraindo o supérfluo e o superficial.
A espiritualidade, quando desenvolvida sobre bases superficiais, abre caminhos que conduzem ao fanatismo, ao misticismo e a toda a sorte de distúrbios na prática cristã. Espiritualidade estável, firmada na essência, que reflete a profundidade do evangelho, alimenta-se da devoção cotidiana e da pregação da Palavra, que tem como finalidade edificar os salvos, “confortar os perturbados e perturbar os confortáveis”, para que não se tornem reféns das circunstâncias, boas ou más. É o poder da Palavra que desfaz a dureza petrificada de corações racionalizados, obstinados e indiferentes, tornando-os sensíveis a Deus (Ez 36.26,27).


Para pensar e agir

Religiosidade é a mesma coisa que espiritualidade? Esta se relaciona apenas com o culto ou com os demais assuntos da vida?
O espiritual precisa ser desenvolvido na verdade. A pregação, o culto e as ações no Reino devem acontecer refletindo a verdade revelada. Não dá para levar a “verdade” por um caminho mentiroso ou apresentar um conteúdo certo de forma errada. A Bíblia diz que não é suficiente abster-se do mal, mas também da aparência dele (1Ts 5.22). Espiritualidade sem foco na Bíblia é veneno para a fé cristã, assim como a espiritualidade fruto da superficialidade não produz edificação nem resultados espirituais.
O superficial anda na periferia do evangelho, tem uma fé rasa e sua prática é equivocada, pois não reflete a essência do conteúdo divino. O espiritual descobre o valor das coisas, busca a essência, enquanto o superficial contenta-se com o aparente, ficando sempre aquém.

Leituras Diárias

segunda-feira – Gálatas 5.13-25
terça-feira – Hebreus 3.1-6
quarta-feira – 1Coríntios 2.1-5
quinta-feira – Atos 4.8-20
sexta-feira – 1Pedro 2.1-5
sábado – 1Coríntios 10.1-13
domingo – Colossenses 1.9-23

Nenhum comentário:

Quem sou eu

Minha foto
Igreja Batista Ebenézer. Uma igreja que AMA você!