quarta-feira, 6 de julho de 2011

Uma igreja em sintonia com o primeiro amor

Texto: Apocalipse 2.1-7

Introdução
Apocalipse é revelação de nosso Senhor Jesus Cristo ao seu povo, que sofria nas mãos dos agressores da fé; mostra as vitórias reservadas aos que fossem fieis até que se lhes pedissem a vida (Ap 2.10). Para melhor compreensão do seu conteúdo, apresenta os fatos do passado, “as coisas que tens visto” (Ap 1.19), do presente “as que são”, condições vivenciais nas igrejas cristãs da Ásia Menor, e do futuro, “as coisas que hão de vir”.
A igreja de Éfeso evidencia que aquele cristianismo bonito, cordial e empolgante do primeiro século estava em declínio, com o abandono do seu primeiro amor (Ap 2.4). A influência era grande e negativa nesta cidade portuária, metrópole agitada, que por ser a porta de entrada da Ásia, o principal acesso a Roma, recebia gente de todos os lados, inclusive da Itália e de Corinto. Éfeso chegou a ser chamada de a Rota dos Mártires, pois no início do segundo século, por lá, de navio, passavam os cristãos que eram levados para entretenimentos, escárnio e para alimentar leões na arena de Roma. Conquanto fosse chamada de a luz da Ásia, com o templo de Ártemis, considerado uma das sete maravilhas do Mundo Antigo, era uma cidade mergulhada na superstição e no paganismo, vivendo longe da gloriosa luz do evangelho (Jo 8.12). Paulo, o apóstolo, teve uma atuação missionária mais ampla nesta cidade do que em outra (At 20.31). Aqui, orientais e ocidentais se encontravam, viam-se gregos, romanos e asiáticos por todos os lados, e grande foi o número de convertidos (At 19.10). Essa igreja tornou-se expressiva, zelosa, ortodoxa, mas negligenciou no amor.

I – O empenho humano não basta

Nossas obras são insuficientes para estabilizar a igreja (Ap 2.2,3,6), apesar de necessárias para o progresso do Reino. Nossas ações não têm valor por si mesmas, sem o respaldo divino (Jo 15.5), o agasalho do Espírito.
João diz que conhecia a firmeza da igreja, o seu trabalho, a sua ortodoxia (centralização na verdade comprovada, resistente ao tempo e às averiguações) e o seu zelo, mas isso foi insuficiente para que ela só recebesse elogios. Foi criticada porque falhou na forma de fazer as coisas, na prática do amor. O Senhor não se distrai na análise de nossas ações. No v. 2 encontramos: “Eu sei”. É motivação e conforto a certeza de que Ele está perto (Fp 4.5) e nos conhece de forma total e correta. Esta igreja foi elogiada por seu trabalho, labuta que absorve toda a energia do ser. Pois é nesse contexto que se encaixa a paciência, “persistência imperturbável”, que não se desespera diante de sofrimentos, privações e perdas, mas coloca-as no trono de graça de Jesus, glorificando o seu nome, com os olhos n’Ele firmados (Hb 12.1,2), voltado para as coisas do alto e certo de que está escondido com Cristo em Deus (Cl 3.1-3).
As obras dessa igreja eram conhecidas: trabalho árduo, persistência, discernimento espiritual, zelo ao repreender os que desrespeitavam o sacrifício do Calvário, não aliviava para os falsos apóstolos (2Co 11.13-15; 1Jo 4.1-3), não era conivente com o pecado, cuidava da disciplina, por não suportar os maus (Ap 2.2), seus obreiros eram incansáveis, viviam de acordo com a verdade e nenhuma heresia tinha vantagens por lá (Ap 2.6).
Ah! Se ainda hoje todo o povo pudesse proclamar: “Não aborreço eu, Senhor, os que te aborrecem?! (Sl 139.21a). Com certeza, todos gostaríamos de pertencer a uma igreja assim: crentes que trabalham com entusiasmo, zelam pela vida reta e defendem a sã doutrina. Só que essa não era uma igreja perfeita, apesar de ter feito tudo muito bonito, não convenceu o Senhor, pois faltou o mais importante (1Co 13.1-3).

II – O amor como motivador das ações

O Senhor viu algo errado na igreja de Éfeso, embora fosse zelosa, perseverante na verdade e ortodoxa (firme nas doutrinas centrais da fé). Ela havia abandonado o seu primeiro amor (qualidade sem a qual todas as outras se tornam sem sentido) e deixado de lado as primeiras obras. Faltou a devoção, o fazer não somente pela obrigação e a postura de realizar tudo por amor a Deus e ao próximo. Éfeso tinha obras, mas não obras de fé; trabalho, mas não trabalho de amor; paciência, mas não paciência de amor. É o oposto daquilo que Paulo fala como sucesso do evangelho em Tessalônica (1Ts 1.2,3). É possível envolver-se com a obra e não com o Senhor da obra, ter ações virtuosas, mas destituídas de espiritualidade e ser trabalhador da lavoura de Jesus Cristo, motivado pelo que perece e não pelo que permanece para a vida eterna (Jo 6.26,27). No princípio, Paulo orou para que os efésios conhecessem o verdadeiro amor (Ef 3.17-19; 6.23) e eles tiveram amor pelos santos (Ef 1.15), mas com o passar do tempo, esse amor havia desaparecido.
Como igreja de Jesus, precisamos crescer no amor vertical (Jo 14.15,21,23), aquele direcionado para o aprofundamento do relacionamento com Deus; desenvolver o amor na comunidade cristã, entre irmãos (Jo 13.34,35), que nos faz cuidar e zelar uns pelos outros, com fé e amor sacrificial (Jo 15.13), pois somos produtos da graça, propriedade exclusiva do Pai (Êx 19.5; Lv 20.26; Tt 2.14; 1Pe 2.9,10); e cultivar o amor pelos de fora, capaz de abrir mão de comodidades (Jo 20.21) para levar a mensagem salvadora, que traz de volta, reconciliando com Deus.

III – Confrontar para mudar

A igreja recebeu elogios, agora repreensão (Ap 2.5). O Senhor não estava satisfeito só porque o passado foi produtivo, Ele a confrontava com o pecado e com a necessidade de arrependimento para que o presente e o futuro fossem frutíferos: uma igreja sem manchas e inculpável (Ef 5.25-27).
No confronto, concluímos que toda queda produz abatimento de alma, lembrança dos motivadores de tal realidade e das bênçãos espirituais do passado. Assim como devem ser feitas as projeções para o futuro, o confronto é em amor, de forma objetiva, para corrigir e restaurar, sem omitir as consequências da desobediência (Ap 2.5). Quais atitudes deveriam ser tomadas? “Lembra-te, pois donde caíste”, ou seja, reflita sobre o que aconteceu, não se deixe levar pelas circunstâncias que promoveram o esfriamento do amor; arrependa-se, mude sua mente e atitude, sua forma de pensar, de agir e pratique as primeiras obras, ou seja, creia e obedeça como antes. É o arrependimento que se manifesta em realizações diferentes.
O desafio da igreja na atualidade é confrontar suas ações com a Palavra de Deus, tendo atitudes dignas do Senhor (Cl 1.10), com ouvidos aguçados para ouvir (Ap 2.7a), sendo praticante da Palavra (Tg 1.22) e retornando às atitudes do primeiro amor.

Para pensar e agir

A igreja está firmada em Cristo, n’Ele está assegurada a sua caminhada em triunfo e em vitória, por mais que seja minado o terreno e expressivos os ataques.
O que fazemos é importante; não menos valiosa é a forma e a intenção.
Caracteriza falta de amor deixar de investir em pessoas, para investir em coisas, valorizar mais a forma do que a essência, aplicar disciplina como punição e não usar de compaixão na defesa ou na aplicação da verdade.
Por que será que com o passar dos anos muitos perdem a empolgação, o ardor e esfriam na fé?
Por que será que dentro do Exército de Deus há “fogo amigo” (quando pessoas do mesmo exército abatem por engano os seus companheiros) na trincheira? Somos soldados de um mesmo comandante, e estamos lutando a mesma luta.
A igreja sintonizada com o primeiro amor se alegra com a vitória, não importa quem esteja na linha de frente. É consciente da promessa ao vencedor, de comer da árvore da vida que está no meio do Paraíso de Deus (Ap 2.7b), onde os salvos por Cristo desfrutarão de tudo que a vida futura tem a oferecer.
O que a igreja faz no Reino precisa expressar amor a Deus e ao próximo (1Co 13.2).
Leituras Diárias
segunda-feira - Mateus 6.1-15
terça-feira - Marcos 7.1-23
quarta-feira - Mateus 7.1-12
quinta-feira - Romanos 12.9-21
sexta-feira - 1João 3.16-24
sábado - Romanos 14.1-23
domingo - 1Coríntios 13.1-13

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