terça-feira, 19 de abril de 2011

TOMÉ – UM DUVIDOSO HONESTO

TEXTO BÁSICO: JOÃO 20:24-29

É evidente que mesmo sabedores dos critérios usados por Jesus para compor a sua equipe ministerial, foi à base de profunda dependência de Deus que Tomé e os seus demais colegas de ministério foram revelados ao Senhor, após uma vigília de oração – Lc 6.12.
Confesso que me sentia sempre incomodado com algumas versões bíblicas que falavam sobre a “incredulidade de Tomé”.
E alguns pregadores se valiam dessa palavra para arrasar com esse belíssimo apóstolo. Nas pesquisas feitas, os biógrafos também se tornaram implacáveis com esse homem chegando até a colocar em dúvida se ele era convertido mesmo ou não.
Felizmente a Nova Versão Internacional da Bíblia o apresenta como o duvidoso Tomé e evita a palavra “incredulidade”. Esta lição visa provar biblicamente que este servo de Deus era um ser humano como nós, com virtudes e defeitos, tinha lá as suas dúvidas, porém era um homem extremamente honesto.

QUEM ERA TOMÉ, TAMBÉM CHAMADO DÍDIMO?
Era um dos 12 discípulos de Jesus, nascido na Galileia, adotou também como profissão a pescaria, seu nome significa “gêmeo”, provavelmente ele era gêmeo, mas a história silencia sobre sua paternidade e também sobre esse seu irmão. Tomé é sempre lembrado como o homem das dúvidas, mas qual de nós não as tem? A diferença é que Tomé “não engolia sem mastigar” e com o seu temperamento meio melancólico, ficar com dúvida corroía a sua alma. No caso de Tomé suas dúvidas tinham um propósito: ele queria conhecer toda a verdade para seguir Jesus de cabeça erguida, e, a exemplo do que mais tarde o seu colega Pedro iria dizer, ele queria responder com convicção a razão de sua esperança e fé.

1- SUA PRIMEIRA APARIÇÃO PÚBLICA SE DEU EM BETÂNIA – João 11.6-16
Demonstrando certa melancolia, porém testificando sua sinceridade, ele aparece em meio a uma situação extremamente crítica para Jesus, quando foi cientificado da gravíssima doença que assolava o amigo Lázaro, que culminou com a sua morte. Tal acontecimento mexeu com o coração de Jesus e evidentemente influenciou todo o ministério apostólico, a ponto de haver questionamento quanto ao comportamento de Jesus naquele momento tão crítico, se deveria ou não retornar à Judeia – Jo 11.8.
A preocupação dos apóstolos procedia porque recentemente na Judeia Jesus havia sofrido no mínimo dois atentados – Jo 7.30; 9.37. Em face daquele zelo todo dos apóstolos por Jesus, Ele aproveita para ensinar-lhes pelo menos duas magníficas lições:
(1) Não obstante a sua deidade, Ele não abria mão da companhia e das opiniões de seus colaboradores, ao conclamá-los: “... vamos outra vez para a Judeia” (v. 7b.) Você com a sua humanidade se digna em ouvir conselhos, ouvir opiniões de seus colaboradores ou seus instrutores espirituais?
(2) Aquilo que tanto nos apavora não se constitui em problemas para Deus – “Assim falou; e depois disse-lhes: Lázaro, o nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo do sono” ( v. 11). Aliás, Deus não tem problemas, quem os tem somos nós e ao usar esse eufemismo com a morte, suavizando o pavor que ela nos traz, chamando-a de “sono”, Jesus estava agindo aqui como fez ao andar sobre as águas em pleno mar revolto, ou seja, sobre aquilo que mais nos causa pavor Ele demonstra amplo e total domínio.
Foi nesse clima, em que os discípulos viram os seus argumentos de levar Jesus a desistir desse intento quase que suicida de retornar à Judeia serem derrubados, que apareceu o duvidoso, porém sincero Tomé, dizendo: Já que Ele insiste nesse tão perigoso ideal, “vamos nós também para morrermos com Ele” (v. 16b).

2- SUA SEGUNDA APARIÇÃO SE DEU NA CELEBRAÇÃO DA ÚLTIMA CEIA DO SENHOR – João 14.4-6

Foi quando o Senhor Jesus percebendo a aproximação de sua dura e cruenta morte, reuniu os seus discípulos para celebrar a sua última Páscoa e ao mesmo tempo consolá-los, confortá-los e fazer-lhes algumas importantes advertências que dali para frente norteariam o árduo, penoso, porém glorioso ministério que eles teriam que exercer em uma sociedade completamente paganizada, onde receberiam críticas, escárnios e pagariam com as próprias vidas, só pela loucura de bravamente testemunharem do santo e puro evangelho.
Diante desse comovente e consolador discurso de Jesus, imagino ter havido um silêncio, entrecortado por lágrimas, quando mais uma vez pede a palavra o duvidoso, mas sincero Tomé e questiona: “Senhor, nós não sabemos para onde vais; e como podemos saber o caminho?” (v. 5).
Em outras palavras o que ele estava dizendo é que francamente não dava para entender aquele discurso tão dramático de Jesus. Com essa franqueza incomum própria de gente honesta, Tomé proporcionou a Jesus a oportunidade de deixar registrado um dos versos mais inspirados da Palavra de Deus, que o evangelista João registra: “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim” (v. 6).
Com essa precisa informação, Jesus estava indo muito além das expectativas de Tomé, pois ele afirmava que: (1) era o “único” caminho que o conduziria ao Pai; (2) Ele era a realidade de todas as promessas de Deus; (3) E como vida Ele uniria a beleza d’Ele com a nossa feiura para sempre. Mais de dois mil anos se passaram e compete a nós agradecermos enfaticamente a Tomé, que pela franqueza nos proporcionou uma das mais belas páginas das Sagradas Escrituras.

3- FINALMENTE TOMÉ REAPARECE EM CENA, PARA COBRAR OS SINAIS DOS CRAVOS DE SEU MESTRE E SENHOR – João 20.24-29

Após alguns dias do vergonhoso massacre do Calvário, Tomé aparece mais uma vez, dando provas cabais de sua marca registrada com sua dúvida honesta. “Se eu não vir os sinais dos cravos, eu não crerei”. O que a mídia evangélica chama de incredulidade, eu ouso chamar de sinceridade. Tenho para mim, meditando nessas palavras, que esse homem de Deus temia ser iludido, daí a contundente exigência, pois para ele os sinais dos cravos tinham um valor inestimável, vejamos:
(1) Os sinais dos cravos falavam da maior injustiça de todos os temos – Ele sabia que a história se encontrava repleta de injustiças, porém essa do julgamento que culminou na morte de Cristo era a pior de todas as injustiças, pois foi o próprio governador Pilatos quem denunciou: “Mas que mal fez ele? e eles mais clamavam, dizendo: Seja crucificado!” (Mt 27.23).
(2) Os sinais dos cravos falavam também da maior ingratidão da história – Tomé era conhecedor das grandes ingratidões que reinavam em seus dias, mas nenhuma se equiparava a aquela que levou Jesus humilhantemente para a cruz – Jo 1.11: “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam”.
(3) Os sinais dos cravos falavam do grande amor de Deus pela humanidade – Tomé tinha ouvido de Jesus um sermão, que dizia: “Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos” (Jo 15.13). Daí justifica a sua insistência.
(4) Os sinais dos cravos significavam para ele o único meio para a redenção do mundo – Isso porque ele mesmo ouvira de Jesus: “Ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6b).

PARA PENSAR E AGIR

1) Tomé teve as suas dúvidas, mas e daí? Qual de nós não as tem. O próprio João Batista, o precursor de Cristo, de tanto ouvir críticas, embora muito consciente de sua missão, teve momentos de dúvida a respeito de seu primo Jesus, quando mandou perguntar-lhe: És tu aquele que havia de vir, ou esperamos outro?” (Mt 11.3). Do verso 4 em diante, Cristo se propôs tranquilizar o coração do Batista. O crente não pode é viver a vida toda na dúvida. No texto bíblico Cristo só fez algumas santas advertências a Tomé, mas não o puniu, pois creio que o maior erro de Tomé foi ter faltado à “EBD” e perdeu o privilégio de estar com o Senhor!
2) Aprendemos também que o Senhor é o Deus das oportunidades. Tomé falhou na primeira vez e Jesus torna a lhe dar uma outra chance: “E oito dias depois estavam outra vez os seus discípulos dentro, e com eles Tomé. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, e apresentou-se no meio, e disse: Paz seja convosco!” (Jo 20.26). Agradeçamos a Deus por Ele ser tão paciente conosco quando falhamos, mas não abusemos da bondade nem da paciência d’Ele!

LEITURAS DIÁRIAS:

segunda- feira: Lc 6.12-16
terça-feira: Jo 11.6-16
quarta-feira: Jo 14.4-6
quinta-feira: Jo 21.1,2
sexta-feira: At 1.13
sábado: Jo 20.19-23
domingo: Jo 20.24-29

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