sexta-feira, 28 de maio de 2010

A IGREJA, CRISTO PRESENTE NO MUNDO

Texto bíblico: Efésios 4.1-16

A igreja de Cristo é a mais fantástica instituição na face da terra. Nenhuma outra foi e é tão perseguida como ela. Várias vezes anunciaram sua falência e morte. O maior alarido veio dos teólogos da morte de Deus, nos anos sessentas e setentas. Em nosso tempo, ela é duramente atacada por “teólogos e pensadores cristãos”, que a chamam de alienada e irrelevante. Tais teólogos e pensadores são alienados: não veem a pujança da igreja. E são irrelevantes, pois o que eles dizem estará no lixo bem mais cedo do que pensam. A igreja tem o estranho hábito de sepultar seus coveiros. Eles se vão, ela fica. Como se vão seus críticos amargos, inclusive os de dentro, e ela continua.
“Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela” (Ef 5.25). Isto a torna única. Não importa que o mundo a odeie e alguns crentes a maltratem. Cristo morreu por ela. Paulo também amava a igreja e se doou a ela (2Co 11.28,29). O fato de tê-la perseguido doía-lhe, e ele nunca se esqueceu disto (1Co 15.9, Gl 1.13 e Fp 3.6). A visão de Paulo sobre a igreja muito nos ajudará, pois é a visão de um perseguidor que se apaixonou por ela.

1. O que é igreja?
O que Paulo queria dizer com “igreja”? Como a descreve? O termo grego é ekklesia, que ele usa sessenta e duas vezes. Na maior parte, indica uma congregação local de cristãos. Paulo e os demais escritores do Novo Testamento nunca usam o termo como nos acostumamos: um prédio, uma denominação, um ajuntamento de igrejas ou uma instituição. Com o tempo, o termo passou a ter esses sentidos, mas no Novo Testamento, igreja é gente, é povo. Em Atos 20.28 e Apocalipse 5.9, a igreja que Jesus comprou se compõe de pessoas, não de prédios ou instituições.
Ekklesia vem de ek kaleo, “chamar”, verbo usado na convocação de um exército. Mais tarde, passou a ter sentido político: cidadãos, no uso dos direitos civis, reunidos para tomar decisões. O termo é usado assim em Atos 19.32, 39 e 41 (“assembleia”). Difere de demos (“povo”, “multidão”) por ter um caráter organizado. Paulo não lhe dá sentido político, pois é uma ekklesia “em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo” (1Ts 1.1 e 2Ts 1.1). E Jesus disse que seria a sua igreja (Mt 16.18). “Igreja”, portanto, na maior parte das vezes, é um grupo local de pessoas, reunido em nome de Deus, por causa da fé em Jesus Cristo. É o povo de Deus reunido: 1 Coríntios 11.18 (“quando vos reunis como igreja” – Almeida Séc. 21).

2. A dimensão universal da igreja
A carta aos efésios é chamada de “a rainha das epístolas”. É o mais profundo tratado sobre a teologia da igreja já escrito. Nela, o sentido de ekklesia é mais amplo que reunião local. É uma assembleia universal (como em Hebreus 12.23). Assim Paulo usa o termo em Efésios 1.22,23, 3.10 e 21, 5.23,24, 27, 29 e 32. É oportuno ler todos os textos.
Aqui o termo alude não apenas aos salvos por Cristo num local, mas a todos os salvos de todas as épocas. Os salvos de todos os tempos são a assembleia de Cristo. Já há uma no céu (Ap 7.9). Veja também a assembleia do Cordeiro em Apocalipse 19.1 e 6. E há uma ekklesia aqui na terra, chamada de “igreja militante”. É a ekklesia de Cristo que prega, sofre e testemunha. Eram militantes as ekklesias do Apocalipse (Ap 2 e 3) e as ekklesias às quais Paulo destinou suas cartas. E o são as nossas.

3. Igreja: corpo de Cristo
Em 1 Coríntios 12.12-31 e Efésios 4.1-16, a ekklesia é mostrada como corpo. A figura mostra a interdependência e complementaridade dos crentes e das ekklesias. Num corpo, os membros dependem uns dos outros e se completam. A igreja é um grupo de pessoas que deve viver em solidariedade. Nem as pessoas nem as igrejas devem se isolar umas das outras. Veja-se principalmente 1 Coríntios 12.27. Isto é importante porque os batistas confundem autonomia da igreja com isolamento. O pé não vive isolado da mão.
A assembleia universal é chamada de “corpo de Cristo” (Ef 1.22,23). A ideia é que Jesus está presente no mundo por ela. Ela é Cristo na terra. Não há um homem que seja o “vigário (no lugar) de Cristo”. Toda a igreja é. Se Cristo está em cada crente (Jo 14.23), cada crente é morada de Cristo. E também do Pai e do Espírito Santo (Ef 2.22). Em 1 Coríntios 3.16, Paulo diz que somos “santuário de Deus”. O termo grego para santuário é naós, que a Septuaginta usa para o lugar santíssimo, onde Deus ficava. O mesmo texto diz que o Espírito habita em nós. A Trindade está presente no mundo pelos crentes em Cristo. Nós somos o corpo de Cristo, sua presença no mundo.

4. Igreja local: corpo de Cristo num lugar específico
É triste ver hoje tantos crentes falando mal da igreja. Porque não gostam de um aspecto (parece que querem que os demais sejam seus clones) ou se decepcionaram com alguém (esquecem de perdoar e parece que nunca decepcionaram alguém), atacam a igreja. Estranho: falam mal da sua assembleia, da ekklesia da qual fazem parte!
A igreja local, a ekklesia num determinado lugar, apesar dos seus defeitos, também é corpo de Cristo! Paulo disse isso aos coríntios (1Co 12.27). A mesma ideia está em Colossenses 1.24. Não há igreja local perfeita. Alguns sonhadores, vez por outra, bradam: “Voltemos à pureza, à santidade e à simplicidade da igreja primitiva!”. Não devem ter lido o Novo Testamento com atenção. Todas as epístolas foram escritas para sanar problemas das igrejas. E havia imoralidade (veja as cartas aos coríntios!)! Simplicidade? Veja-se a desordem na igreja de Corinto e a complexidade dos relacionamentos entre os crentes e igrejas, nas epístolas pastorais!
Com todos os seus defeitos e falhas, cada igreja local é o corpo de Cristo na terra! Somos parte deste corpo! Devemos honrá-lo e amá-lo, pois somos a igreja e somos Cristo presente neste mundo! É sério ser igreja! E é glorioso ser igreja! E somos, não pelos nossos méritos, mas pela graça de Deus. “Mas, pela graça de Deus, sou o que sou” (1Co 15.10).

5. Igrejas cooperativas e solidárias
O Novo Testamento não detalha muito da vida organizacional das igrejas, exceto no episódio de Atos 15, que não foi típico nem repetido. Paulo tinha grande autoridade, mas geralmente recomendava (1Ts 5.12-14). As igrejas eram cooperativas (2Co 8.4, 9.1-5 e 12-14, Gl 2.9,10, Fp 3.15-18), não viviam isoladas, e os pastores não viviam em competição e em função do seu ministério, mas da obra em geral. As igrejas eram solidárias.
Procurar um modelo de organização eclesiástica nas cartas paulinas pode nos frustrar. Mas o espírito de relacionamento deve ser imitado: governo próprio, cooperação, relacionamento solidário, contribuição aos necessitados (inclusive igrejas) e visão do todo. O elo entre elas era a pessoa de Jesus Cristo, e não um modelo eclesiástico. Bem diferente da visão fragmentária de boa parte das igrejas locais de hoje, que alguém jocosamente, chamou de “adoradores do seu umbigo”.

6. Uma ideia fantástica!
A igreja nasceu, idealmente, na eternidade, na mente de Deus, antes de haver mundo (Ef 1.4). Entrou na história pela pessoa mais fantástica que já viveu, Jesus Cristo (Mt 16.18). Quando a história acabar, na meta-história, não haverá família (Mt 22.30), mas haverá igreja. Porque haverá Deus. A igreja é dele. O evento igreja é maior que o evento família.
Ela é tão fantástica que as potestades espirituais aprendem dela (Ef 3.9,10). Há quem cultue anjos e potestades. Eles aprendem da igreja! E Deus ainda trabalha nela (em mim e em você) para aperfeiçoá-la (Ef 5.27b e 4.1-16). A igreja é a menina dos olhos de Jesus, que morreu por ela!

Para pensar e agir
1. A igreja é de Cristo. Não queira ser dono dela. Não aceite donos humanos da igreja. Ela pertence a Cristo. Somos parte dela, cuidamos dela e devemos honrá-la.
2. Seja feliz em ser igreja. É o maior privilégio que alguém pode ter: ser a igreja de Jesus, salvo por ele.
3. Ame sua igreja com paixão. Doe-se a ela.

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