quinta-feira, 1 de abril de 2010

A CONVERSÃO QUE MUDOU A HISTÓRIA

Texto bíblico: Atos 9


Atos 9.1-6 narra um dos momentos mais marcantes da história. O cristianismo e o mundo serão mudados. Uma obscura seita judaica, “O Caminho” (9.2), dará uma guinada em seu rumo. O vinho novo sairá do odre velho, e o instrumento para isso será um fariseu que se encontrou com Jesus ressuscitado. O até então desconhecido fariseu se tornará, depois de Jesus, o maior vulto do cristianismo e da humanidade.
O fato deve ter sucedido três anos após a morte de Jesus. Homens e mulheres do Caminho vinham pregando o Cristo crucificado, o que despertou a ira de Saulo. O capítulo 9 mostra seu estado emocional: “respirando ainda ameaças” (v. 1). Um homem contra Cristo. E termina com ele pregando (v. 29). Um homem dominado por Cristo. O Caminho não morrerá. A perseguição não o abaterá. Um perseguidor teve um encontro com Jesus e levará seu nome ao mundo, mesmo sob perseguição. E isto de tal maneira que nós, estudando sua vida e lições, somos devedores ao seu ministério. Com mente e coração abertos caminhemos pela vida e ensinos de Saulo de Tarso, depois Paulo, o cristão por excelência.

A infância de um menino judeu

Pouco se sabe sobre esta fase de Paulo. Ele silencia sobre ela. Há apenas lendas, que não nos interessam, sobre o período. Sua vida, como menino e adolescente judeu deve ter sucedido assim: com cinco anos de idade foi alfabetizado e começou a ler as Escrituras. Com seis foi enviado a uma escola rabínica. Aos dez foi instruído na lei oral. Aos doze teve sua cerimônia de tornar-se filho da lei. Assim começou sua carreira de judeu ortodoxo.
Entre os treze e dezesseis anos deve ter sido enviado a Jerusalém para ser educado como rabino: “Eu sou judeu, nascido em Tarso da Cilícia, mas criado nesta cidade, instruído aos pés de Gamaliel, conforme a precisão da lei de nossos pais, sendo zeloso para com Deus, assim como o sois todos vós no dia de hoje” (At 22.3). Lá estudou com Gamaliel, o mesmo de Atos 22.33-40, que alguns dizem ter sido cristão oculto. Paulo tinha uma irmã morando na cidade (At 23.16). Hospedagem não teria sido problema.

Quem era Paulo?
Na primeira década de nossa era havia dois meninos, em cidades diferentes (Nazaré e Tarso), sem que um soubesse do outro. O primeiro mudou e marcou o mundo para sempre. O segundo tornou o primeiro conhecido fora dos limites da religião dos dois, o judaísmo. E pôs a vida em função dele, a ponto de dizer: “... e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim...” (Gl 2.20). Graças ao segundo, sabemos muito do primeiro, Jesus de Nazaré. Mas sobre ele, que sabemos? Quem foi ele? Ele nos responde.
Pelo nascimento: “Eu sou judeu, natural de Tarso, cidade não insignificante da Cilícia” (At 21.39). Não era um qualquer. Orgulhava-se de sua descendência religiosa e de sua cidade natal.
Pela cidadania: “Vindo o comandante, perguntou-lhe: Dize-me: és tu romano? Respondeu ele: Sou. Tornou o comandante: Eu por grande soma de dinheiro adquiri este direito de cidadão. Paulo disse: Mas eu o sou de nascimento” (At 22.27,28). Era cidadão romano, com todos os direitos.
Pela sua cultura, segundo os outros: “Fazendo ele deste modo a sua defesa, disse Festo em alta voz: Estás louco, Paulo; as muitas letras te fazem delirar” (At 26.28). Seus juízes atestaram sua vasta cultura.
Pela sua religião: “Circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei fui fariseu; quanto ao zelo, persegui a igreja; quanto à justiça que há na lei, fui irrepreensível” (Fp 3.5,6). Membro da seita mais ortodoxa do judaísmo, ele foi “irrepreensível”.
Espiritualmente: “Pois eu sou o menor dos apóstolos, que nem sou digno de ser chamado apóstolo, porque persegui a igreja de Deus. Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus que está comigo” (1Co 15.9,10).
Extraordinariamente culto, de grande capacidade de trabalho, espiritualmente zeloso, judeu radical. Sua conversão redirecionou todo seu cabedal a serviço de Jesus. No dizer de Stott, Paulo era um homem “intoxicado de Cristo”. O mundo deve muito a esse homem, que Rohden denominou de “o maior bandeirante do evangelho”. Sua paixão por Jesus é um desafio à nossa fé.

A transformação

Uma palavra de Paulo merece nossa atenção, por sintetizar sua vida: “nem sou digno de ser chamado apóstolo, porque persegui a igreja de Deus” (1Co 15.9). Há dois limites nela: perseguidor da igreja de Deus e apóstolo. A mudança se deu no caminho de Damasco. Há três narrativas de sua conversão, em Atos: 9.1-19 (narrada por Lucas), 22.1-16 (contada por ele em discurso ao povo de Jerusalém após sua prisão) e em 26.10-18 (em Cesaréia, contada por ele, diante de Agripa e de Festo). Esta experiência o marcou para sempre. Nunca mais Paulo foi o mesmo. A conversão deve mudar a pessoa.
Muitos tentaram desacreditar esta experiência, dando-a como produto de cansaço físico e emocional ampliado por uma caminhada ao sol do meio-dia. Outros tentaram atribuir-lhe uma doença mental. Sua conversão teria sido apenas uma alucinação.
O evento foi sobrenatural, e não uma ilusão, pois foi uma luz mais forte que o sol do deserto, ao meio-dia (At 22.6). Os homens ouviam a voz, mesmo não a entendendo (v. 7, cf. At 22.9). O poderoso e arrogante perseguidor cai por terra. Uma voz o alcança: “Saulo, Saulo, por que persegues?” (At 9.5). A repetição do nome próprio era uma forma carinhosa de tratamento (Êx 3.4, 1Sam 3.4). Ele odiava, sem conhecer, o dono daquela voz. O dono daquela voz o amava. Atônito, Paulo pergunta: “Quem és tu, Senhor?”. A resposta foi: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues”. Que impacto! Que choque! Ele não perseguia seguidores de uma superstição, mas alguém vivo, que agora o alcançara e derrubara! Jesus era real! Estava vivo! E Paulo o perseguia! Caçava seus seguidores! Mas o Grande Caçador dos Céus o alcançou. Não com o ódio com que ele caçava, mas com ternura. A graça de Jesus o alcançou. Por isso, mais tarde ele escreverá, como ninguém, sobre a graça de Deus. Ele a experimentou em Jesus. Quem tem um encontro real com Jesus prova a graça.

Disposição para o serviço

A conversão de Paulo não foi superficial. Foi radical, profunda, como deve ser uma conversão. Ele não se aculturou nem aderiu a um grupo. Ele foi transformado pelo poder de Jesus, e como resultado, quis servi-lo: “Então perguntei: Senhor, que farei? E o Senhor me disse: Levanta-te, e vai a Damasco, onde se te dirá tudo o que te é ordenado fazer” (At 22.10).
Quem é autenticamente convertido tem como desejo principal fazer alguma coisa para seu Salvador. Como Paulo mais tarde diria: “Pois o amor de Cristo nos constrange” (2Co 5.14). Conhecer o amor de Jesus provoca um santo constrangimento na vida. Quem conheceu seu amor quer servi-lo. Muitos convertidos hoje querem entretenimento e que Deus ou a igreja cuide deles. Mas nunca se perguntam o que podem fazer pelo Senhor. Uma pessoa verdadeiramente salva é grata e mostra espírito de serviço. Muitos querem ser servidos, mas a vida cristã é servir. Jesus nos deu o exemplo: “Pois também o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos” (Mc 10.45). Paulo seguiu seu exemplo.

Para pensar e agir

1. Nenhum coração é bastante duro para não ser alcançado pela graça de Jesus. Não deixemos de orar por pessoas sem Cristo, pensando que elas são muito duras e nunca se converterão. Não há limites para o poder de Jesus.
2. O propósito real de Deus para nós só pode ser descoberto em Cristo. A conversão redireciona nossa vida.
3. Quem é convertido deseja servir a Jesus. Vida cristã é dedicação a Cristo, não busca de vida fácil e prazerosa. Você é convertido? Sirva!

Leitura Diária

Segunda: Atos 7.55-8.3
Terça: Atos 9.1-6
Quarta: Atos 9.17-30
Quinta: Atos 26.4-19
Sexta: 1 Coríntios 15.1-11
Sábado: Efésios 3.1-13
Domingo: Gálatas 2.15-21

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