segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A cura de um guerreiro

Texto bíblico: 2 Reis 5.1-27

Este capítulo narra a experiência da miraculosa cura de Naamã, importante chefe do exército sírio. A riqueza de detalhes da narrativa facilita a percepção não só das trilhas misteriosas pelas quais o Senhor revela-se como um Deus de amor, poder e justiça, mas também dos cumes e abismos da alma humana em sua grandeza e mesquinhez. O episódio é marcante porque mostra os efeitos da operação instantânea do poder divino na vida humana, além de se configurar à base de contrastes que exemplificam com clareza como Deus usa as coisas loucas do mundo para confundir os sábios, e as coisas fracas do mundo para confundir as fortes (1Co 1.27).

1. Menina usada pelo Senhor (vv.1-4)

Naamã é o mais honrado líder militar sírio, com um enorme prestígio junto ao rei e perante a população. Deus permitia, entretanto, que houvesse um “porém” em sua vida, a fim de se revelar e se glorificar na superação dele. Ele era leproso, e embora em seu país a lepra não fosse marcada pelo estigma da maldição religiosa como em Israel, sua felicidade era incompleta. Provavelmente, gastava muito dinheiro e tempo nos inúteis tratamentos médicos com que se procurava curar uma doença incurável.
A menina israelita não tem biografia, na realidade. Não se sabe seu nome ou os de seus pais, sua idade ou a tribo a que pertencia. Era uma simples empregada doméstica, levada à força para uma terra estranha, a fim de servir a senhores a quem não conhecera antes. O que se percebe dela, contudo, é suficiente para provar que, no episódio, ela se encontra no mesmo nível de reis, profetas e generais – ou mesmo acima desse nível. O que a eleva: a) sua atenção aos fatos relevantes e às necessidades reais da vida pessoal de seus senhores, ultrapassando a frieza da relação patrão-empregado; b) seu afeto natural – seu amor, em termos cristãos – por eles, demonstrado num sincero desejo de ajudar; c) seu conhecimento sobre quem realmente poderia solucionar o problema; d) sua fé na ação divina por intermédio de um profeta do Senhor; e) sua coragem em falar em termos afirmativos sobre uma cura que ainda se encontrava no campo da mera possibilidade.

2. Que rei sou eu? (vv.5-8)

Com razão, o rei de Israel treme ao receber de Naamã a carta do rei da Síria enviando-lhe o oficial “para que o cures da sua lepra” (v.6). Rasgar as próprias vestes indica a profunda aflição de espírito de quem enfrentava um grave problema. Ao contrário da menina que servia Naamã, ele não conhece alguém – médico ou não – que possa curar um leproso. Sabe que o rei da Síria também não conhece e que, por isso, só deve estar à busca de algum pretexto para extorquir ou oprimir Israel. Demonstra ser um líder emocionalmente fraco, pois entra em desespero antes mesmo de procurar maiores esclarecimentos sobre o caso.
Na atitude do rei israelita, temos o exemplo de um homem que se mostra fraco no dia da angústia. A competência de um líder está não em se considerar onipotente, ou em tentar centralizar todas as ações, mas em saber quem é bom no que faz e como delegar-lhe responsabilidades específicas. Se o rei de Israel simplesmente se lembrasse da existência de Eliseu, crendo também no Deus a quem o profeta servia, teria evitado os dissabores por que passou na oportunidade.

3. Banho no Jordão (vv.9-14)

Mesmo tratando-se de um importante dignitário estrangeiro, Eliseu manteve seu hábito de falar por meio de um intermediário (v.10). Apesar de dependente, Naamã indignou-se pelo fato de sua provável cura não ocorrer dentro de um ritual público que exaltasse sua condição de pessoa importante, a quem não só Eliseu teria orgulho em receber – o próprio Deus do profeta se sentiria honrado em efetivar pessoalmente a cura.
Naamã pensa em termos políticos. Banhar-se no Jordão era valorizar Israel em detrimento da Síria. Além disso, em alguns trechos o Jordão flui por entre bancos de lama. Se fosse uma questão de águas purificadoras, os rios de Damasco eram de fato mais limpos e mais belos que o rio israelita. Convencido por seus auxiliares, ele acaba cumprindo a ordem. O resultado de sua humilde obediência é o milagre de uma pele de bebê em lugar da epiderme marcada pela lepra.
A água e as sete vezes do mergulho não são meios encantatórios. Para operar seu poder, Deus não precisa que as coisas cumpram esse ou aquele processo litúrgico. O ser humano é que precisa disso, para colocar-se na atitude espiritual que não impeça a recepção da graça divina.

4. Um Deus de poder (vv.15-19)

Naamã era um homem de fé. A alguém como ele, o Deus verdadeiro se revelará no tempo devido e de modo inequívoco. Depois de curado, o comandante sírio profere seu testemunho sobre esse Deus: “Eis que, agora, reconheço que em toda a terra não há Deus, senão em Israel” (v.15). Reconhecendo o Senhor como o único Deus e dispondo-se a não oferecer sacrifícios a outros deuses (v.17), ele cumpre o primeiro mandamento da lei de Moisés (Êx 20.2,3 e Dt 5.6,7). Está, portanto, apto a cumprir os demais, ou seja, a tornar-se um seguidor da religião de Israel.
Nesses termos, pede a Eliseu que lhe permita levar terra do solo israelita, a fim de erigir na Síria um altar ao Deus de Israel (v.17). Essa disposição parece contrastar com o que ele declara sobre ser perdoado pelo fato de no futuro ter que entrar no templo do ídolo sírio Rimon para adorá-lo (v.18). Ocorre que uma autoridade de seu porte dificilmente poderia se furtar a cumprir funções religiosas ligadas ao culto oficial de seu país, ainda que não crendo na divindade a quem se destinavam. Eliseu compreende as injunções políticas ligadas à posição de Naamã e dá-lhe sua bênção (v.19).
Na passagem, mais um exemplo da grandeza pessoal do profeta. Ele não aceita o “presente” que Naamã insiste em lhe dar (vv.15,16). Como Elias, Eliseu conhece o perigo, para seu ministério, do apego aos bens materiais. Não quer, igualmente, ser identificado como um profeta profissional, que trabalha por dinheiro. Ele quer continuar sendo um humilde, santo e poderoso homem de Deus. Em sua forma de pensar, esse objetivo poderia ser prejudicado por qualquer envolvimento que o pusesse na trilha pela busca do poder, do lucro e da glória deste mundo.
Mais do que tudo isso, ele queria evitar a simonia, isto é, a idéia de que o poder de Deus e suas operações podem ser comprados por dinheiro (At 8.18).

5. Branco como a neve (vv.20-27)

Geazi não percebeu qualquer das implicações morais ou espirituais do fato de alguém receber alguma compensação financeira pela cura do oficial sírio. Achando que isso não faria mal nenhum a ninguém – desde que o próprio Naamã insistia em presentear –, mas sabendo da resistência de Eliseu nesse sentido, resolveu agir de seu modo. Novamente a pergunta da vida comum – “vai tubo bem?” – ocorre (v.21). Geazi responde que sim, sem pensar, contudo, que a resposta pudesse ser outra caso ele insistisse na rota da ganância e do engano.
Para chegar a seus objetivos, ele usa o nome de Eliseu, usa a boa-fé do militar, usa a carência material dos profetas e, se necessário, usaria o próprio nome do Senhor. Em nossos dias, existem muitos como o infeliz auxiliar de Eliseu que, dominados pelo amor ao dinheiro, ao poder e à glória, usam pessoas e situações e o próprio nome de Deus e de Jesus Cristo, para atrair sobre si mesmos toda a espécie de males e dores.

Para pensar e agir
O Deus de Israel é o único Deus vivo e verdadeiro. Crer nele é garantia de vitória sobre todos os tipos de sofrimento. Essa fé leva a pessoa a vencer também a doença que consiste em depositar sua fé nos ídolos mortos. Naamã alcançou essa bênção porque teve a coragem e a humildade de crer no Deus que lhe foi mencionado por uma escrava e revelado por um profeta desconhecido. O Deus que abençoa, porém, é também o Deus que repreende, o que fica claro na dura experiência de Geazi.

Leitura Diária

Segunda: 2Reis 5.1-19
Terça: 2Reis 5. 20-27
Quarta: Levítico 14. 1-9
Quinta: Números 12. 1-16
Sexta: Salmo 103. 1-5
Sábado: Mateus 8. 1-4
Domingo: Romanos 5. 1-11

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Pastoral

Amados, uma das coisas mais difíceis em nossos dias é a unidade da igreja, pessoas que vivam suas vida em união umas com as outras sentindo o verdadeiro propósito de igreja. Deus quer que vivamos juntos. A Bíblia chama esta experiência compartilhada de comunhão(Koinonia). (Mt.18:20; Ec.4:9)1.A comunhão é a essência da igreja. É na mesma que se têm bênçãos, aprendizado, manifestação do Espírito Santo em nossas vidas, a falta da comunhão determina a morte desta igreja ou grupo de pessoas reunidas. 2. Na comunhão verdadeira as pessoas encontram autenticidade. (1Jo.1:7,8; Tg.5:16)Ser autêntico tem haver com verdade, ser sempre íntegro, cumprir a palavra de Deus, muitas comunidades padecem por não existir essa autenticidade, a característica do Cristão é ter consigo isso: Verdade naquilo que faz!3. Na comunhão as pessoas têm reciprocidade – A arte de dar e receber. (1Cor. 12:25; Rm.1:12). Na comunidade primitiva eram comuns cenas assim: pessoas doando o que tinham, recebendo em “troca” o amor, as orações, o cuidado, todo o zelo necessário para a sobrevivência da comunhão. 4. A compaixão também é encontrada quando existe comunhão. (Cl 3:12; Gl 6:2)Se compadecer de situações adversas! Pilar de construção da igreja, não havendo compaixão, deixa-se de executar a palavra do Senhor que teve compaixão para conosco, nos resgatando do mundo, tendo nós o mesmo exemplo que ouve em Cristo como disse Paulo o Apóstolo.5. A comunhão trás também consigo a misericórdia. ((2Cor. 2:7; Cl 3:13) para conosco nos resgatando do mundo, tendo compaixão por nós. A igreja por fim deve exercer sempre misericórdia em diversas situações, existem algumas circunstâncias de difícil análise, mas deve prevalecer a atitude misericordiosa. O Reino de Deus é isso: Alegria e paz no Espírito Santo, vidas no altar, ouvindo a genuína voz do Senhor, precisamos buscar mais a comunhão. Participe das atividades de sua Igreja, clame a Deus vontade, prazer, de estar aqui, na Casa de Deus, juntamente com os nossos irmãos. Deus sem você é DEUS! E você sem Deus, é quem??? Deus nos abençoe! Lembre-se: VOCÊ é importante pra Deus e pra IBEC!!
Com fé, Pr. Rangel

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Tudo vai bem se confiamos em Deus

Texto bíblico: 2 Reis 4.1-44

Num dado momento da história de Israel, Deus escolheu agir da forma como agiu por intermédio de Elias e Eliseu para revelar-se como Deus único e Senhor a uma importante parcela de seu povo, que corria o sério risco de extraviar-se em virtude da equivocada opção religiosa de seus governantes.
Deus se revela como o Deus que age e para cujo poder não há limites. Israel precisava de provas inequívocas sobre isso. Elias e Eliseu são os profetas que não só acreditam nisso, mas se apresentam, em total consagração, para serem instrumentos do Senhor nessa empreitada. Quando aparecem homens que creem nisso e se deixam chamar, preparar e usar para a tarefa profética e nela, o milagre torna-se quase natural.

1. Azeite na panela (vv.1-7)

É possível que a viúva citada no texto seja a mulher de Obadias, o mordomo de Acabe, que havia salvado a vida de cem profetas do Senhor (1Rs 18.4). Ele “temia muito ao Senhor”, expressão presente em ambos os textos. Em suas “Antiguidades”, o historiador judeu Flávio Josefo afirma que Obadias ficara em dificuldades financeiras porque havia pegado dinheiro emprestado para sustentar essa centena de profetas. O fato é que a viúva estava na iminência de vender seus dois filhos como escravos a fim de pagar suas dívidas.
Essa drástica medida não era uma coisa rara em Israel. Embora proibida por lei (Lv 25.39-42), a escravidão era amplamente praticada entre os israelitas (Êx 21.7; Lv 25.39; Jr 34.8-16). Uma das injustiças combatidas por Neemias foi o comércio escravagista vigente em Judá na época da restauração (Ne 5.1-12).
Ao contrário de Elias, homem do deserto, Eliseu tem uma vivência bem integrada com as comunidades de profetas e das pessoas comuns. No momento, ele está lidando com um problema prático, que exige uma resposta também prática. A igreja de Cristo precisa dar respostas concretas e específicas às perguntas formuladas pelos sofredores deste mundo. É sempre tentadora a omissão que se camufla sob o manto da piedosa ajuda espiritual (Tg 2.15-16).
O milagre acontece, mas é preciso pontuar que a bênção só não foi maior porque não havia mais vasilhas para encher. Em outras palavras, o poder de Deus limita-se pelas limitações de quem pode receber seus ilimitados benefícios.

2. Um santo homem de Deus (vv.8-37)

Esta passagem é riquíssima no detalhamento narrativo e em conteúdo dramático. Começa com a amizade entre o profeta e a rica dama de Suném. Eliseu é descrito por ela como “um santo homem de Deus”. Não é ele próprio quem se autointitula dessa forma honrosa. Em nosso tempo, os pigmeus religiosos que proliferam em todo lugar chamam a si mesmos de “bispos”, “apóstolos”, “patriarcas” e “missionários”, entre outras coisas, mas o que têm a estatura de verdadeiros homens de Deus são poucos.
Eliseu é um santo homem de Deus porque tem uma vida simples e santa. Apesar de suas relações próximas e diretas com os poderosos (v.13), ele se contenta em ocupar um aposento cuja mobília é uma mesa, uma cama, uma cadeira e um candeeiro (v.10). Numa época, como a nossa, em que os falsos profetas vivem na riqueza e no luxo, um exemplo como este é uma espécie de condenação implícita a este estilo de vida mundano e exibicionista.
Eliseu é também um santo homem de Deus porque tem o espírito de gratidão (v.13) que o leva a pensar no outro e naquilo que pode ser a necessidade do outro. A mulher é estéril e seu marido é velho – um casal parecido com Sara e Abraão. O profeta intercede por eles e, no tempo aprazado, nasce-lhe um filho. A criança cresce, adoece e morre. Apesar da angústia da situação, sua mãe mantém-se calma, tomando as providências práticas para buscar socorro e aquietando o coração do marido. “Tudo vai bem”, afirma ela (v.23). Quantas pessoas, cristãos inclusive, possuem uma fé assim firme, a ponto de dizerem, mesmo diante da morte como fato consumado, que vai tudo bem?
Eliseu é também um santo homem de Deus porque o poder de Deus opera por meio dele de modo direto e instantâneo. A sunamita sabe disso, o que a leva a apegar-se ao profeta de modo inarredável, não aceitando que o socorro venha por meio de intermediários (vv.26-31). Em resposta a Geazi, ela repete o que dissera ao marido: “Vai tudo bem”.
Tudo vai bem quando um santo homem de Deus se dispõe a ajudar os angustiados (v.30). Tudo vai bem quando este homem de Deus ora ao Senhor e, além disso, executa as ações humanas que ajudarão a canalizar a resposta divina (vv.33-35). Tudo vai bem quando o poder de Deus opera, transformando a morte em vida. A Septuaginta, versão grega do Antigo Testamento, não registra os sete espirros da criança que ressuscita. Afirma que o profeta estendeu-se sete vezes sobre o menino, o que parece mais compatível com a realidade dos fatos, inclusive pela forma como o próprio Elias agiu em situação similar (1Rs 17.21).

3. Veneno na panela (vv.38-41)

Esta passagem mostra mais uma intervenção do poder de Deus por intermédio da ação profética de Eliseu. A quase tragédia do envenenamento de vários “filhos dos profetas” foi transformada na bênção de uma refeição providencial. Afastado o perigo, o momento foi também a celebração da alegria pelo duplo livramento divino, combatendo a fome e protegendo da morte.
O desespero e o açodamento de um dos aprendizes de profeta fizeram com que ele colhesse vegetais venenosos – as colocíntidas do texto – junto com ervas próprias para comer. Quando alguém provou a comida, percebeu que estava envenenada (v.40). Eliseu age então como um conhecedor do equilíbrio natural entre as várias espécies da flora local. O veneno é neutralizado pela substância contida na farinha. O milagre aconteceu, mas o profeta lançou mão de um recurso natural para facilitar sua ocorrência.
Algumas lições podem ser extraídas da experiência: a) situações-limite podem provocar erros humanos fatais. Nessas situações, a pessoa prudente age com cautela; b) assim como na vida comum se pode comer o que mata como se fosse o que sustenta a vida, na vida espiritual pode-se receber a falsa profecia ou os falsos ensinos como se fossem verdadeiros. Por isso, o conselho apostólico deve ser cumprido à risca (1Ts 5.20,21); c) a presença do mal junto com o bem (na igreja, por exemplo) num mesmo espaço não exige que se destrua a ambos, e sim que se tomem medidas que eliminem o mal.

4. Comida farta (vv.42-44)

Guardadas as proporções, não há como não relacionar o episódio aqui descrito com os milagres da multiplicação dos pães por parte de Jesus (Mt 6.30-44 e Mt 15.29-38). A fonte do milagre é a mesma – o poder de Deus manifesto pela autoridade de sua palavra. A dificuldade humana em crer na inserção do fato milagroso na dimensão da ordem natural das coisas é também a mesma: como alimentar tantos com tão pouco alimento? A segurança do servo do Senhor em dar as ordens quanto às providências para distribuir a comida é igualmente a mesma. E o resultado concreto, em termos não só do milagre efetivamente operado mas também do fato de que conseguiu-se muito mais do que o necessário, foi, de modo idêntico, o mesmo.
Se pensamos, oramos, falamos e agimos com base na autoridade da Palavra do Senhor, o milagre jamais deixará de acontecer. Pedro aprendeu isso na prática, com Jesus (Lc 5.5), mas poderia já saber desse fato conhecendo a experiência de Eliseu (v.44).

Para pensar e agir

O segredo de Eliseu, como o de Elias, é que o profeta não limitava por sua incredulidade as possibilidades de manifestação do braço do Senhor. A uma vida santa, eles adicionavam um profundo conhecimento das formas de operação do poder divino em suas conexões com a palavra revelada. A palavra do Senhor estava com os profetas. Eles a conheciam, sabendo como manejá-la. No momento em que ela se manifestava, o milagre era a consequência automática.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Tempos de crise

Deus tem abrangentes respostas prospectivas para os que o buscam de todo o coração, mas sua forma de agir não se limita às promessas genéricas. Para cada situação concreta, no momento mesmo em que ocorre, Ele apresenta soluções específicas, que, se acatadas, sempre levam a livramentos e vitórias.
Texto bíblico: 2 Reis 3.4-27

A presença de Deus nos assuntos internos de cada nação, bem como nas relações da comunidade internacional, nem sempre é percebida e valorizada. Em geral, pensa-se que o que acontece ou deixa de acontecer é mero efeito das demandas políticas e da situação econômica. Para desmentir essa visão, basta analisar alguns episódios da história de Israel registrados na Bíblia. Quando, por exemplo, a ação profética permeia os fatos ligados a um conflito militar, como no texto que estudaremos agora, pode-se conhecer um pouco mais do poder e da sabedoria de um Deus que é Deus de longe, mas é também Deus de perto (Jr 23.23,24).

1. Situação crítica (vv.4-10)

Filho e sucessor de Acabe, o rei Jorão também “fez o que era mau aos olhos do Senhor” (v.2), embora tenha executado um ou outro ato contra o baalismo. Indo à guerra contra os moabitas, ele não faz o que era uma praxe nas iniciativas de Davi e de outros monarcas fiéis a Jeová: saber se o Senhor autorizava a ofensiva e quais as estratégicas e táticas determinadas por ele. O máximo de concessão que faz a propósito é aliar-se a Jeosafá, rei de Judá, um governante fiel a Deus como o fora seu pai, Asa. Conhecendo os desvios religiosos do Reino do Norte, Jeosafá, não obstante, manteve-se em boas relações políticas com Acabe e seus sucessores.
Juntos com o rei de Edom, os dois reis e suas tropas se vêem em dificuldades no deserto. Como é típico do homem natural, Jorão culpa pela crise o Deus a quem não buscara (v.10). Em seu desespero, é socorrido pela sugestão de Jeosafá no sentido de que consultem a Deus através de “algum profeta do Senhor”. Nos momentos extremos, o homem ou a mulher de Deus sempre terão a melhor orientação e a melhor solução para apresentar.

2. Que tenho eu contigo? (vv.11-14)

Eliseu é lembrado por um oficial de Jorão como aquele que “deitava água sobre as mãos de Elias”, expressão que revela a estreita relação entre Elias como senhor e Eliseu como servo. Jeosafá conhece Eliseu e sabe que ele é um fiel homem de Deus (v.12). A recepção que Eliseu dá ao rei de Israel é áspera e totalmente hostil: “Vai ter com os profetas de teu pai, e com os profetas de tua mãe” (v.13), ou seja, com os profetas de Baal patrocinados por Acabe e Jezabel. A presença de Jeosafá salva mais uma vez Jorão. Em consideração a ele, Eliseu se dispõe a consultar o Senhor.
Lição importante aqui é que o servo do Senhor, como no caso de Jeosafá, deve sempre manter-se em boas relações com todas as pessoas, mas especialmente com os domésticos da fé. Haverá sempre alguma coisa que um irmão possa fazer pelo outro.

3. Música e profecia (v.15)

Com a convicção de quem sabe diferençar entre o falso e o verdadeiro, Jeosafá afirma que está com Eliseu a palavra do Senhor (v.12). E a palavra vem ao profeta no momento em que um músico tangia seu instrumento, provavelmente uma harpa ou lira. Por assim dizer, usando um termo da eletricidade, a música é um bom condutor espiritual – para o bem ou para o mal. Quando Davi tocava, Saul se acalmava (1Sm 16.14-23). Certos tipos de música – inclusive, em certos casos, dentro da igreja – produzem tensão e inquietação e levam a pessoa para mais longe de Deus.
Um destaque especial precisa ser dado ao instrumentista aqui usado por Deus para revelar-se ao profeta. Nada se sabe de sua identidade pessoal. Anonimamente, ele cumpre um papel de enorme relevância em um momento crítico da história de seu povo. A lição que fica é que o servo do Senhor deve colocar seus talentos e capacidades à disposição de Deus, sem buscar para si glória ou lucro. Esta consciência de entrega e humildade é particularmente importante para as pessoas que trabalham na área da música, sabendo-se como são continuamente tentadas pelos demônios da fama e da riqueza.

4. Água e esperança (vv.16-20)

A palavra do Senhor se expressa de maneira genérica, mas também específica. Ela pode se manifestar em termos das promessas do tipo “o Senhor vos abençoará em tudo” (Dt 7.12-16), mas também na forma concreta do tipo “Não sentireis vento, nem vereis chuva: todavia, este vale se encherá de tanta água, que bebereis vós, e o vosso gado, e os vossos animais” (v.17). Para completar, o Senhor lhes garante também a vitória nas duras batalhas da guerra, inicialmente no deserto e depois nas cidades (18,19).
Se considerarmos apenas o aspecto natural das coisas, o que Eliseu aconselhou foi que as tropas cavassem poços artesianos na área. O fato de a iniciativa ser bem-sucedida já seria, nas circunstâncias, um milagre. Contudo o texto diz que, no momento em que se ofereciam os sacrifícios matinais de manjares, “as águas vinham pelo caminho de Edom”, o que descarta a ideia de lençóis subterrâneos.
O que quer que tenha acontecido demonstra para além de qualquer dúvida que houve uma resposta específica de Deus, trazendo uma solução miraculosa aos aliados. É esta resposta que deve interessar ao povo de Deus, independentemente da forma como se manifesta.

5. Israel triunfa (vv.21-26)

Moabe era um inimigo histórico de Israel. Não havia permitido que os israelitas em peregrinação no deserto passassem por seu território (Jz 11.17), além de levá-los à idolatria (Nm 25.1-3) e de subjugá-lo por dezoito anos (Jz 3.14). Na crise atual, a questão era econômica, mas também militar. Os moabitas, sob o rei Mesa, se achavam fortes o suficiente para ir à guerra contra Israel. Na época, entre nações fronteiriças, quem não dominava era dominado. Um monarca justo como Jeosafá sabia disso, razão pela qual se une a Israel e a Edom para derrotar Moabe.
O texto afirma que as tropas de Moabe viram as águas como se fossem sangue, numa espécie de miragem muito comum no deserto. Interpretando de modo equivocado a situação, tornaram-se presas fáceis nas mãos dos batalhões inimigos. Na realidade, tudo havia sido preparado pelo Senhor para que sua palavra se cumprisse. Quando Ele opera, seu povo só precisa estar pronto para colher os frutos de uma bênção além da medida.

6. Um gesto extremo (v.27)

Com a decisiva ajuda de Deus, as tropas aliadas saíram de uma situação de quase colapso para um conjunto de grandes vitórias na série de batalhas contra os moabitas. A vitória final, contudo, não aconteceu. Cercado e desesperado na cidade de Quir-Haresete, o último reduto de seus exércitos, o rei de Moabe tomou a medida extrema de oferecer seu próprio filho e eventual sucessor em sacrifício sobre os muros defensivos. O objetivo era provocar a ira do deus Quemós contra as tropas invasoras, aplacando-a no que se refere aos próprios moabitas. Na época, acreditava-se, mesmo em Israel, que os deuses de cada região tinham o controle de seus respectivos territórios, levantando-se para defendê-los quando ameaçados.
O texto não deixa claro de que modo “a grande ira contra Israel” (v.27) se manifestou. Tudo indica, porém, que se tratou de um novo alento das forças de defesa para rechaçar o inimigo. É preciso considerar ainda que no principal da tropa aliada estavam os exércitos de Israel e de Edom, países com predomínio de uma religiosidade idólatra. Quando os soldados desses países viram o sacrifício, entenderam que Quemós havia sido convocado à batalha, o que representava um grave risco de derrota para eles. Daí, para a retirada, foi um passo.

Para pensar e agir

A ação profética é importante em qualquer fase da vida do povo de Deus, mas especialmente nos tempos de crise. A palavra do Senhor está com seus fiéis mensageiros, que precisam ser procurados antes de qualquer iniciativa individual ou coletiva. O mais grave erro de indivíduos e nações está no fato de só buscarem a Deus em situações dramáticas ou trágicas, esquecendo-se de buscá-lo quando as coisas permanecem estáveis e positivas.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Tempo de partir

Texto bíblico: 2 Reis 2.1-25

O texto contém narrativas sobre diversas experiências envolvendo Elias e seu sucessor, Eliseu. É o momento da passagem do manto profético do primeiro para o segundo. A missão do tisbita está cumprida, mas ela terá prosseguimento por intermédio do profeta de Abel-Meolá. Ao longo de uma turbulenta fase da história política e religiosa de Israel, a fidelidade do homem de Deus que parte e a ânsia de servir de seu substituto garantem a continuidade do ministério profético.
Caso se pense em uma frase que resuma com perfeição o espírito da verdadeira vocação profética, o pedido de Eliseu a Elias é exato, a propósito: “Peço-te que me toque por herança porção dobrada do teu espírito (v.9). E caso se pense na imensa responsabilidade que pesa sobre este vocacionado, a resposta de Elias é ainda mais precisa: “Dura coisa pediste” (v.10).

1. Notícia gloriosa (vv.1-6)

A esta altura, circula intensamente nas comunidades de profetas a informação de que Elias seria tomado pelo Senhor e elevado ao céu. Eliseu também sabe disso. Para evitar que ele sofra qualquer dano em uma experiência espiritual para a qual não esteja talvez preparado, Elias lhe diz que fique longe dele. Eliseu se nega a isso, acompanhando-o a Betel, Jericó e ao Jordão.
O versículo 10 demonstra que Eliseu queria ser testemunha de um evento que lhe garantiria o acesso aos segredos de Deus (Am 3.7). Em dados momentos, como no caso do auxiliar de Eliseu, as limitações da fé tornam necessário ver para crer (2Rs 6.15-17). Quando Paulo vê e ouve as coisas inefáveis do terceiro céu, sua vida interior é enormemente enriquecida (2Co 12.1-10).

2. Travessia tranquila (vv.7-14)

É provável que os enfermos mencionados em Mateus 14.36 como tendo sido curados ao tocar nas vestes de Jesus conhecessem o relato bíblico sobre os poderes espirituais presentes no manto que Elias deixa com Eliseu (2.8,14). Atos 19.11,12 focaliza o mesmo tema. O cristão precisa atentar para o perigo da idolatria de coisas, pessoas e lugares, e da gananciosa manipulação que se faz a respeito em arraiais ditos evangélicos. Contudo, isso não deve levá-lo a descrer da extensão ilimitada do poder de Deus.

3. Porção dupla (vv.9,10)

Ao pedir “porção dupla” do espírito de Elias, Eliseu manifesta o desejo de ser um legítimo sucessor do tisbita, com a mesma fé e a mesma intrepidez no agir, e com idêntico êxito no ministério. Quer igualmente ser reconhecido pelos profetas como seu líder (v.15). Sabe que além do poder de Deus, precisa do apoio das pessoas, assim como Elias precisou dele próprio, Eliseu, e de outros tantos em Israel que não dobraram os joelhos a Baal. Como Salomão ao pedir sabedoria (1Rs 3.5-15), Eliseu é sábio o suficiente para buscar em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça (Mt 6.33).
“Dura” ou ”difícil” coisa Eliseu pede a Elias. Na realização de seu ministério profético, é alto o preço pago por um homem sujeito às mesmas paixões que qualquer outro. No caso de Elias, o custo humano de seu integral envolvimento com a obra de Deus traduz-se como vida solitária, luta contínua contra poderosos e implacáveis inimigos e tristeza por ver seu país, dominado pela idolatria, rejeitar o Deus verdadeiro.
O que Eliseu pede a Elias é difícil também pelo fato de que não se consegue senão à custa de uma forte disciplina e intensa concentração de espírito. Espiritualidade é questão de consciência e percepção. Para conhecer sobre o espírito de um verdadeiro profeta, Eliseu precisará estar totalmente atento.

4. Carro de fogo (vv.11,12)

Para uma vida de elevada qualidade espiritual como a de Elias, uma morte convencional era pouco de esperar. O profeta foi arrebatado, subindo aos céus em meio a um redemoinho, transportado em carruagem de fogo. A extraordinária vida de Elias e seu impressionante ministério, acrescidos do fato de que ele não tenha passado pela morte, marcaram de tal modo o imaginário religioso do povo israelita que ele continuou sendo esperado ao longo da história como aquele que viria para reconverter as gerações de Israel à lei de Moisés (Ml 4.5).
Quando Jesus Cristo se reúne no monte da Transfiguração com Elias e Moisés (Lc 9.28-31), a estatura do profeta como um gigante espiritual fica ainda mais bem definida. É o momento em que estão juntas as pessoas nas quais se concentra o maior peso de poder, sabedoria, santidade e graça na Bíblia e na história humana.

5. Procurando em vão (vv.15-18)

“Os filhos dos profetas” insistem em sair à procura de Elias. Eliseu tenta em vão dissuadi-los. O texto diz que ele ficou “envergonhado”. Isso significa que não queria que ficasse parecendo que ele, o novo líder dos profetas, temesse o fato de que Elias continuasse vivo e reassumisse sua posição. Sem nenhum êxito, eles retornam após três dias de busca. Haviam sido movidos ou pela preocupação quanto à integridade física de Elias, ou pelo desejo de que continuasse a viver e eles não tivessem que se adaptar a outro estilo de liderança.
Na realidade, estavam tendo dificuldades em lidar com a mudança. Na vida cristã, erramos tanto quando pensamos que o passado nada tem a nos dizer que nos abençoe e edifique, como quando pensamos que só o que passou pode nos abençoar e edificar.

6. Água e sal (vv.19-22)

É frequente na experiência profética de Elias e Eliseu o uso de elementos simbólicos – números, objetos, elementos naturais – para facilitar a manifestação do poder de Deus. No momento, quando o problema se relaciona com as águas poluídas das fontes de Jericó, é o sal que exerce o papel de elemento purificador. Jericó – ”a cidade das palmeiras” – é considerada uma das cidades mais antigas do mundo. Sua localização na parte baixa do Vale do Jordão remete à visão que Ló teve da região como “regada como o jardim do Senhor” (Gn 13.10).
O poder de Deus opera por meio de Eliseu para tornar saudáveis as águas da cidade. O sal era um elemento indispensável nos sacrifícios do pacto levítico (Lv 2.13; Nm 18.19; 2Cr 13.5). Havia, de fato, um “pacto de sal” entre Deus Israel. A ideia é que este pacto seria estável e duradouro, assim como o sal preserva os alimentos e os mantém utilizáveis ao longo do tempo.
Quando Jesus chama seus discípulos de “sal da terra” (Mt 5.13) está dizendo que somente na base da fé vivida e testemunhada pelos filhos de Deus o mundo tem condições de ter utilidade para si mesmo e para o próprio Deus.

7. Ursas no bosque (vv.23-25)

Aparentemente, a calvície era um fenômeno raro em Israel. Os vastos cabelos de Sansão e Absalão são exaltados como símbolo da força e da beleza masculinas (Jz 16.17; 2Sm 14.25,26). É provável que Eliseu não fosse naturalmente calvo, mas que houvesse rapado a cabeça em luto pela partida de Elias. O fato é que quando “uns meninos” de Betel zombaram dele por ser ou estar calvo, o profeta “os amaldiçoou em nome do Senhor”.
O profeta não reage por si mesmo, mas pelo respeito que se devia a um homem de Deus e à missão profética. A juventude é a época preferencial das atitudes impensadas e dos gestos temerários. É por essa razão que o sábio adverte aos jovens a que se lembrem do Senhor enquanto ainda são jovens (Ec 12.1). Os “maus dias” a que se refere podem ser, como são, as fraquezas e limitações próprias da velhice – mas podem ser também a colheita tardia dos frutos amargos da semeadura de erros e pecados na juventude.

Para pensar e agir

A grandeza de Elias está também numa sucessão profética bem encaminhada. O homem de Deus não pensa só em sua época, mas igualmente no que virá depois dele. A transição entre o ministério do grande profeta e de seu sucessor é um momento de marcantes experiências de fé e de lições espirituais importantes na história religiosa de Israel. Três milênios depois, ainda é possível aprender muito com elas.

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