quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Só o Senhor é Deus

Texto bíblico: 1 Reis 18.1-46 O texto registra um dos pontos culminantes do Antigo Testamento. Em termos de carga dramática e conteúdo espiritual, equipara-se, guardadas as proporções, à travessia do mar Vermelho. O desafio mortal entre o profeta Elias e os sacerdotes de Baal e Asera é uma das maiores demonstrações de fé em Deus documentadas na Bíblia. A principal lição do episódio é que Deus honra a fidelidade dos seus aos princípios de sua lei e responde de forma concreta e providencial à confiança depositada por eles no poder divino.
Contudo o desfecho da cena, com Elias matando os adversários depois de os ter vencido na prova de fogo (v.40), deixa claro que Israel ainda estava muito longe de uma compreensão adequada dos pensamentos e caminhos de Deus (Is 55.8). Na realidade, tinha uma noção apenas parcial acerca das formas pelas quais o Senhor se revela ao mundo como um Deus não só de poder, mas também de amor e justiça.

1. O perturbador de Israel (vv.1-19)


A crítica situação causada em Israel pela seca obriga Acabe a sair a campo em busca de fontes remanescentes. Obadias, o mordomo fiel a Deus, ajuda-o nessa tarefa. Encontrando Elias, que a esta altura já tem a promessa de Deus de que a chuva virá em breve, Obadias recebe a incumbência de anunciar ao rei que o profeta quer falar-lhe. Depois de obter de Elias a promessa de que não o deixará em risco de morte, o mordomo realiza a tarefa.
O encontro entre o profeta e o rei é tenso. Elias devolve a Acabe a acusação de que seria o “perturbador de Israel”. As razões do rei para falar como falou: a) profetizando a seca, Elias desagrada aos deuses da fertilidade, que deixam de abençoar a terra; b) a ação do profeta causa crise econômica e instabilidade política e religiosa em Israel; c) enfraquecida, a nação se torna presa fácil dos inimigos externos; d) o profeta pratica um crime de lesa-majestade, desmoralizando o trono e inspirando a desobediência civil.
A réplica do profeta: a) Acabe praticou adultério religioso, adotando o culto aos baalins (v.8); b) traiu o pacto que Israel firmou com Deus no sentido de guardar os mandamentos da lei (v.8); c) provocou à ira o Senhor, que cerrou as portas do céu e trouxe a estiagem sobre a terra; d) praticando e promovendo o sincretismo, em que tanto o culto a Jeová quanto a Baal eram considerados normais, Acabe instaurou a confusão religiosa em Israel, deixando o povo indeciso sobre a quem seguir – a Deus ou a Baal. Para arrematar, Elias faz o assombroso desafio de enfrentar-se com os falsos profetas no monte Carmelo.

2. Desafio mortal (vv.20-24)

O texto não esclarece sobre o fato de que tenham participado do desafio apenas os 450 profetas de Baal ou, acrescidos a eles, mais os 400 da deusa Asera. No versículo 19, ainda no encontro com Acabe, são os 850. No versículo 22, já na reunião do monte, apenas os 450. É possível que a rainha, cuja “tropa de elite profética” eram os profetas de Asera, não quisesse arriscar uma eventual perda de todos eles numa luta contra o representante de um Deus que já mostrara seu poder na ausência de chuvas.
Diante da proposta do profeta a propósito de uma reposta divina pelo fogo, o povo diz: “É boa esta palavra”. A palavra de um homem de Deus é sempre boa quando demarca com clareza quem é de Deus e quem não é (vv.21,22). Ela é sempre boa quando exige da pessoa uma definição religiosa prática e consequente (v.21). Esta palavra é sempre boa quando os termos pelos quais se expressa são claros e viáveis (vv.21-24). Ela é, enfim, sempre boa quando faz o destino humano depender da ação divina e não das iniciativas humanas (vv. 23,24).

3. Fogo do céu (vv.25-40)

Elias está só, tendo a seu favor apenas o povo, mas ainda assim apenas na aceitação das regras do jogo e, terminado este, na hipótese de sair vitorioso. Seus adversários se apoiam mutuamente e contam, além disso, com o respaldo do poder constituído. Contudo, percebe-se pelo relato que o homem de Deus comanda toda a cerimônia. Os profetas de Baal estavam inseguros e intimidados, sabendo que o deus a quem serviam não estava à altura do desafio. Apesar disso, não podiam expor previamente sua impotência, recusando-se a lutar.
“Desde a manhã até ao meio-dia” os falsos profetas invocaram sem êxito o nome de seu deus. Elias, que no geral demonstra uma severa austeridade pessoal, dá-se ao luxo de zombar de seus vãos esforços (v.27). Eles insistem num ritual tão barulhento quanto desesperado, chegando a se retalharem com facas e lancetas. Chegada a tarde, exaustos e desmoralizados, desistem enfim de seguir tentando. Sua única chance é que também Elias nada consiga de seu Deus.
O profeta faz seus preparativos usando elementos da tradição religiosa de Israel. Primeiro, restaura o altar do Senhor, usando para isso doze pedras simbolizando as doze tribos. Em seguida, prepara o holocausto e faz com que seja derramada água sobre ele. Por três vezes, o gesto é repetido. O número três, como o sete e o doze, tem um importante conteúdo simbólico na religião de Israel. Tudo pronto, o homem de Deus faz então uma curta e objetiva oração, exaltando o Deus de Abraão, Isaque e Jacó e pedindo-lhe que se revele como o único Deus a quem o povo devia servir.
O fogo que cai do céu pode ter sido um raio, o que não retira do fenômeno seu caráter de milagre. Deus agiu de forma direta e reveladora, fazendo com que o povo o reconhecesse como o único Senhor. A chuva que chega logo em seguida indica que trovões e relâmpagos podiam estar compondo o cenário naquele momento. O fato é que Deus responde na hora a súplica feita pelo profeta. A oração que Deus responde precisa ser feita no espírito correto e na forma adequada ao assunto. É possível que quando Jesus Cristo falou sobre o excesso de palavras na oração (Mt 6.6,7), estivesse pensando, por contraste, na rápida mas eficaz oração com que Elias move o braço de Deus.
A execução dos profetas de Baal por ordem de um homem de Deus insere-se na realidade religiosa e política da época. Foi uma tentativa de arrancar a raiz do mal que a falsa religião estava provocando em Israel. Não produziu, porém, o resultado que Elias esperava, já que Acabe e Jezabel continuaram no poder, os falsos profetas prosseguiram ministrando (22.6-7) e o culto a Baal continuou sendo praticado em Israel (22.54).

4. A chuva que cai (vv.41-46)


Depois da dura batalha no Carmelo, o Senhor envia a chuva. O rei tem agora todos os motivos para confiar no Deus de Israel. Suas relações com o profeta parecem ter chegado a um melhor termo (18.41), mas Acabe insistirá em ouvir Jezabel, por conveniência política. Cega de ódio, a rainha define como um projeto pessoal a morte de Elias. Não lhe interessa o milagre na vitória de Elias, nem que a chuva tenha afinal chegado. Jezabel age como os líderes religiosos de Israel em relação aos milagres operados por Jesus Cristo. Para eles, mais importante do que a cura de uma pessoa escravizada 18 anos por uma doença grave era a proibição de trabalhar (curar, no caso) no sábado (Lc 13.10-17).
O cristão precisa estar atento à escala de prioridades do Reino de Deus. Antes de todos os detalhes ligados à forma de cultuar, ou à ênfase em certos dons e rituais, ou ao que se deve ou não fazer em certos dias, está o essencial da atitude e da conduta cristãs – a fé que opera por amor (Gl 5.6).

Para pensar e agir

A vitória de Elias no desafio do monte Carmelo se deveu a fatores bem explícitos:

a) Comunhão com o Deus vivo como garantia de sempre agir em estreita conexão com a vontade divina.
b) Fidelidade ao Senhor e à estrutura do culto no qual Ele é adorado e servido em espírito e em verdade.
c ) Coragem para agir em termos de tudo ou nada, na dependência do poder de Deus.
d) Oração como fator que desencadeia a ação divina.

Quais dos itens acima você precisa praticar para também ter vitória?

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